segunda-feira, 24 de junho de 2013


MIGUEL DE UNAMUNO
(1864 -1936)


          Filólogo, poeta, romancista e filósofo espanhol, Miguel de Unamuno desafiou os franquistas dizendo: "Vencereis, mas não convencereis". Pensador apaixonado pelos problemas de seu tempo, Unamuno é considerado um dos expoentes da chamada "geração de 98" da inteligência espanhola e precursor do existencialismo em seu país.

           Mais do que não apresentar um caráter sistemático, sua filosofia primou por negar a possibilidade de qualquer sistema. Sua obra literária caracterizou-se pela ruptura com os gêneros convencionais.

          Unamuno passou a infância em sua cidade natal, onde fez os primeiros estudos. Em 1880, transferiu-se para a capital espanhola. Na Universidade de Madri, cursou filosofia e letras, doutorando-se quatro anos mais tarde, com uma tese sobre a língua basca.

           Regressou, então, a Bilbao, onde permaneceu até 1891. Nesse ano, obteve a cátedra de grego na Universidade de Salamanca, cidade em que se radicou. Também em 91, casou-se com Concha Lizárraga, de quem havia se apaixonado ainda menino.

          Em 1894, Unamuno abandonou as idéias positivistas que cultivara e aderiu ao socialismo. Três anos mais tarde, abandonou o Partido Socialista e viveu um momento de crise pessoal e depressão.

          Nomeado reitor da Universidade de Salamanca, em 1901, Unamuno exerceu o cargo até 1914, quando foi destituído por suas posições políticas. Viria a reassumi-lo e ser afastado novamente outras vezes, sempre em função das circunstâncias políticas espanholas e da posição que tomava em relação a elas.

          Defensor de idéias republicanas, Unamuno escreveu um artigo considerado injurioso ao rei Afonso 13 e foi deportado para a ilha de Fuerteventura, no arquipélago das Canárias, em 1924. Apesar de anistiado, o pensador se exilou na França, onde permaneceu até 1930.

          Em 1931, com a proclamação da República, Unamuno assumiu novamente o cargo de reitor em Salamanca. O desencanto com o governo republicano e seu entusiasmo pelos militares rebeldes, comandados pelo general Francisco Franco, provocaram uma nova destituição em 1936 - início da guerra civil espanhola.

          No mesmo ano, contudo, foi reconduzido ao cargo pelos franquistas que dominaram a cidade. Pouco depois, por criticá-los, perdeu-o mais uma vez. Tratou-se de um episódio célebre em que discursou, afirmando diante de autoridades militares: "Vencereis, mas não convencereis".

          Foi contestado pelo general Millán-Astray que pronunciou a frase que se tornaria uma expressão da brutalidade do fascismo espanhol: "Abaixo a inteligência e viva a morte!". Unamuno respondeu simplesmente com um "Viva a vida!" e deixou o auditório sob escolta.

          Passou seus últimos dia de vida em prisão domiciliar. De sua obra, podem-se destacar as narrativas "Paz na Guerra" (1895) e "Névoa" (1914); os poemas de "Poesias" (1907) e "Andanças e Visões Espanholas" (1922); e os ensaios filosóficos "Vida de Dom Quixote e Sancho" (1905) e "A Agonia do Cristianismo" (1925).
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Fonte: Enciclopedia Gran Espasa Universal, Madri (2007)



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