sábado, 10 de março de 2012

O Centro Cultural da Justiça Federal abrigará, nos meses de Abril e Agosto, o projeto



EM REVISTA, O TEATRO BRASILEIRO
NO SÉCULO XX


O que é o projeto?


          O projeto Em Revista o Teatro Brasileiro do século XX oferece, aos participantes interessados em cultura geral, uma abordagem panorâmica bastante curiosa dos aspectos mais relevantes do movimento teatral brasileiro no século XX, a partir das publicações em periódicos especializados no assunto. O curso será dividido em dois módulos independentes. O primeiro intitula-se O palco em festa – A produção de espetáculos até a década de 1950, nos dias 03/10/17/24 de Abril, e o segundo, Novas formas de convenção de espetáculos, nos dias 01/08/15/29 de Agosto. Para ambas as etapas, as inscrições já estão abertas. Desconto de 20% para alunos de escolas de teatro


Duração do curso, número de vagas e valores:


Horário do curso: 19H às 21H


Datas do módulo 1 - 03/10/17/24 de Abril


Datas do módulo 2 - 01/08/15/29 de Agosto


Valor do curso, por módulo: R$150,00


Taxa de pré-matrícula: R$ 20,00.


Público alvo: todos os interessados em cultura geral.


Número de vagas: 35 alunos




Currículo:


          Pedro Allonso é ator, bacharel em Artes Cênicas, habilitação em Teoria do Teatro pela UNIRIO e crítico de teatro. Desde 2010, integra o quadro de colaboradores efetivos da revista eletrônica Questão de Crítica. Integra também o quadro da comissão julgadora do 1º Prêmio Questão de Crítica. No ano de 2008, colaborou como pesquisador voluntário no processo de catalogação da Bibliografia Crítica do Teatro Brasileiro, cuja coordenação, na cidade do Rio de Janeiro, ficou sob os cuidados da pesquisadora e crítica de teatro do jornal O Globo Tânia Brandão.


Contatos:


(21) 2228-2446
(21) 7303-5995


Blog do curso: http://pedro-allonso.blogspot.com/


Endereço eletrônico: contato_curso@yahoo.com.br

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terça-feira, 6 de março de 2012

Teatro/CRÍTICA

"A alma imoral"

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O poder vital da transgressão


Lionel Fischer


Como já disse várias vezes, podemos carecer de tudo, menos de ótimos intérpretes. Mas alguns ainda conseguem exibir um diferencial, que se deve às escolhas que fazem. Neste caso, o artista não está apenas buscando explorar ao máximo seu potencial, mas também materializar idéias e sentimentos que julga imprescindíveis partilhar com o público. E é neste seleto grupo que se inscreve Clarice Niskier.

E a presente montagem evidencia que a atriz pretende muito mais do que agradar ao público e à crítica, mas fazer com que reflitamos sobre o caótico mundo em que vivemos. E tal reflexão parte de algo que em geral procuramos negar ou simplesmente desconhecemos: o poder vital da transgressão.

Tal poder é explicitado de forma exemplar no livro "A alma imoral", do rabino Nilton Bonder, mesmo título do espetáculo que vem sendo exibido há seis anos com absoluto sucesso e que foi escolhido por Moacir Chaves e a Cia. Alfândega 88 para reabrir o Teatro Serrador, fechado há três anos. Além de atuar, Clarice Niskier assina a adaptação e concepção cênica, sendo que esta última contou com a  supervisão de Amir Haddad, um mestre na arte de transgredir.

Como são muitas e extraordinárias as idéias de Bonder, torna-se literalmente impossível aqui esmiuçá-las. De qualquer forma, o que o autor propõe, em primeira e última instância, é uma nova forma de olhar, no sentido mais abrangente do verbo. E este olhar pressupõe o entendimento de que toda moeda tem o seu reverso, que os opostos são absolutamente necessários, que a obsessão pela fidelidade às tradições inviabiliza a possibilidade de novos caminhos.

É como se Bonder nos indagasse: O que você prefere? Manter-se confinado a fronteiras que o senso comum aplaude ou arriscar-se numa espécie de deserto, onde você pode até mesmo eventualmente se perder, mas certamente conseguirá traçar uma pista? Clarice Niskier nos oferece a possibilidade de pensarmos nesta alternativa: criar novas trilhas para o nosso caminhar.

Através de uma dinâmica cênica totalmente despojada, a atriz se desnuda por completo, no sentido literal e metafórico, certamente nos estimulando a fazer o mesmo. E é tamanha a sua paixão pelas idéias e sentimentos propostos por Nilton Bonder que a platéia se envolve por completo com este espetáculo absolutamente fundamental, em especial numa época como a nossa, que julga prioritário multiplicar os peixes ao invés de aprender a repartir o pão.

Clarice Niskier reparte com a platéia o que de melhor possui e por isso saímos tão enriquecidos desta inesquecível ceia, cujo êxito também se deve às imprescindíveis colaborações de Amir Haddad, Luís Martins (cenário), Kika Lopes (figurino), Aurélio de Simoni (luz), José Maria Braga (música), Márcia Feijó (direção de movimento), Mary Lima (preparação corporal) e Célio Rentroya (preparação vocal).

A ALMA IMORAL - Texto de Nilton Bonder. Adaptação, concepção e atuação de Clarice Niskier. Supervisão de Amir Haddad. Teatro Serrador. O espetáculo será apresentado 14 dias consecutivos, às 19h.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O CENTRO DE RECICLAGEM DE ATORES já está recebendo currículos para os treinamentos que começam em abril. O projeto, voltado para o treinamento continuado de atores profissionais, está oferecendo duas oportunidades de treinamento.


RECICLAGEM DE INTERPRETAÇÃO – treinamento bimestral para atores reunindo 3 diretores convidados: Jefferson Miranda, Daniel Herz e Vinicius Arneiro. O treinamento terá aulas práticas e será conduzido por 3 semanas por cada diretor e, ao final, será possível participar de uma “Jam de atores”, a Noite Aberta do Centro de Reciclagem, que é um espaço reservado para os atores apresentarem trabalhos.


De 09 de abril a 18 de junho – SEGUNDAS das 19h às 22h


Local: Teatro da Pequena Cruzada – Av Borges de Medeiros, 4866 (portão grande) Lagoa – ao lado do Posto Ipiranga da saída do Rebouças.


PROGRAMAÇÃO:


09 a 23 de abril – aulas com JEFFERSON MIRANDA


30 de abril, 07 e 14 de maio – aulas com DANIEL HERZ


21, 28 de maio e 04 de junho – aulas com VINICIUS ARNEIRO


11 de maio – ensaio Noite Aberta


18 de maio – Realização da Noite Aberta do Centro de Reciclagem de Atores


VALOR: 590 à vista ou 2 X 340 reais


RECICLAGEM FÍSICA – treinamento físico para atores reunindo 6 professores convidados: Cláudia Mele, Daniel Herz, Luciana Bicalho, Alexandre Mello, Cristina Fagundes e Daniel Leuback. O treinamento utilizará diferentes técnicas de treinamento físico para atores e será ministrado por diversos professores que se revezarão ao longo de 8 semanas, ao final das quais haverá a oportunidade de apresentação de trabalhos com foco na expressão física durante a Noite Aberta do Centro de Reciclagem.


SUZUKI, VIEWPOINTS, COMPOSIÇÃO, QUALIDADES DO MOVIMENTO E LABAN


De 11 de abril a 13 de junho – QUARTAS das 20h às 23h


Local: Botafogo, rua Visconde de Caravelas, 25.


PROGRAMAÇÃO:


De 11 a 25 de abril – aulas de Suzuki e Viewpoints I com Cristina Fagundes e Daniel Leuback e de Composição com Alexandre Mello.


02 de maio – aula de Qualidades do Movimento na Cena I com Daniel Herz


09 a 23 de maio – aulas de Suzuki e Viewpoints II com Cláudia Mele e de Laban com Luciana Bicalho.


30 de maio – aulas de Qualidades do Movimento na Cena II com Daniel Herz


06 de junho – ensaio Noite Aberta do Centro de Reciclagem de Atores


13 de junho – Realização da Noite Aberta do Centro de Reciclagem de Atores


VALOR: 570 à vista ou 2 X 330 reais


          No Centro de Reciclagem de Atores, além das aulas práticas, os atores contam com uma Noite Aberta bimestral, onde podem mostrar trabalhos – solos, esquetes, performances - a produtores de elenco e classe, um Clipping Semanal com informações sobre testes, editais e mercado de trabalho, além de descontos para peças de teatro. O preenchimento das vagas será realizado via seleção de currículo.


            Para participar os atores devem possuir registro profissional. Interessados em participar devem enviar currículo para reciclagemdeatores@gmail.com colocando no assunto: RECICLAGEM DE INTERPRETAÇÃO ou RECICLAGEM FÍSICA.


Mais informações: 9666-9954 ou reciclagemdeatores@gmail.com


SOBRE O CORPO DOCENTE DESSE BIMESTRE NO CENTRO DE RECICLAGEM DE ATORES:



DANIEL HERZ


          Daniel Herz é ator, diretor teatral, autor, diretor artístico da Companhia de Teatro Atores de Laura, e diretor o Teatro Miguel Falabella. Seu primeiro trabalho como ator profissional foi em “Doente imaginário”, de Molière, em 1984. Desde então atuou em diversas montagens como: “Graffite coração”, de Bernardo Horta; “Nossa senhora das flores”, de Jean Genet; “A geração Trianon”, de Anamaria Nunes; “Perigo de vida”, de Regina Miranda; “O rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda”, de Celso Lemos; “A cada vez que se conta dele”, de Bruno Lara Rezende; “O jovem Torless”, de Robert Musil, entre outras. Como diretor, além dos espetáculos da Companhia de Teatro Atores de Laura, dirigiu “Os esplêndidos” de Jean Genet, “Zastrozzi”, de George Walker – em parceria com Selton Mello e “Geraldo Pereira, um escurinho brasileiro” de Ricardo Hoffteiter. Mais recentemente dirigiu Otelo da Mangueira, de Gustavo Gasparani. Desde 1988 dá aulas de teatro na Casa de Cultura Laura Alvim. Desde 1992 dirige a Companhia de Teatro Atores de Laura. Em 2000 a Companhia de Teatro Atores de Laura foi convidada para administrar o Teatro Miguel Falabella sob a direção de Daniel Herz. Recebeu inúmeros prêmios, entre eles: 2000

- Prêmio Coca-Cola de Teatro nas categorias melhor espetáculo infantil e melhor produção. Espetáculo “A flauta mágica”.


2002 – Prêmio Qualidade BR de melhor direção e de melhor espetáculo. Espetáculo “As artimanhas de Scapino”.


2002 – Indicado ao Prêmio Shell de melhor direção. Espetáculo “O conto do inverno”.


2004 – Indicado para o Prêmio Qualidade BR de melhor direção e de melhor espetáculo. Espetáculo “O conto do inverno”.


2007 – Indicado para o Prêmio Qualidade BR de melhor direção no Espetáculo “Ensaios de mulheres”.


2010 - Indicado para o Prêmio Zilka Salaberry de melhor direção no espetáculo “O Barbeiro de Ervilha”.


2011 – Indicado no Prêmio Shell de melhor direção. Espetáculo “Adultério”.


2011 – Prêmio Afroreggae de melhor direção pelo espetáculo “O Filho eterno”.


JEFFERSON MIRANDA


          Diretor da ciateatroautônomo, com a qual vem realizando diversos projetos desde 1989, tais como “série21.”, “-nu de mim mesmo”, “e agora nada é mais uma coisa só”, “deve haver algum sentido em mim que basta” (3 indicações ao Prêmio Shell), “uma coisa que não tem nome (e que se perdeu)"; e doutorando em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Além dos trabalhos com a ciateatroautônomo, tem ministrado residências artísticas, cursos e oficinas, realizado montagens de final de curso de formação de atores, e dirigido tantos outros trabalhos na área teatral, como “Criados em Cativeiro”, “Você Precisa Saber de Mim”, “O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo”.


VINICIUS ARNEIRO


          Vinicius Arneiro é diretor e ator. Formado pela Escola de Teatro Martins Penna no Rio de Janeiro, em 2006. Em outubro de 2007 estreou no Espaço Sesc – RJ o espetáculo Cachorro! de Jô Bilac, primeiro espetáculo do Teatro Independente, Cia. da qual é fundador e diretor artístico, espetáculo pelo qual foi indicado ao Prêmio Shell 2007 de Melhor Direção. Em 2008 dirigiu junto com Marcelo Vale “Os Vermes”, espetáculo que integrou a mostra comemorativa dos 20 anos da Cia. dos Atores realizada no Arena do Espaço SESC. Rebú, texto de Jô Bilac, indicado ao APCA 2010, é a segunda produção do Teatro Independente, estreou em outubro de 2009 e esteve na Mostra Oficial do Festival de Curitiba 2010, realizando em seguida temporada dupla: SESC Consolação - SP e Teatro Gláucio Gil - RJ (Espetáculo de abertura da Ocupação Câmbio). Rebú foi eleito neste período como um dos três melhores espetáculos em cartaz na capital paulistana, segundo a revistaVeja São Paulo, tendo também destaque na revista Bravo, entre outras. Em 2011 a Cia. Teatro Independente esteve em turnê nacional com seus dois espetáculos num percurso de 20 estados, através do projeto Palco Giratório. Atualmente, o diretor está ensaiando a peça "Não sobre rouxinóis" de Tennessee Williams, montagem inédita no Brasil, onde assina a direção junto a João Fonseca. Estreia prevista para Abril/2012


CRISTINA FAGUNDES

          Atriz, autora e diretora. Estudou nas principais escolas de teatro do Rio de Janeiro e trabalhou em mais de 20 peças de teatro e em 2 novelas. Trabalhou também com produção cultural na Funarte durante 2 anos, implantando o Estação Teatral Funarte que levou 15 oficinas teatrais para 3 regiões diferentes do Brasil. Tem perfil versátil e costuma exercer diversas funções em seus projetos, que costumam envolver muitos artistas. Atualmente é Diretora Artística do Teatro Maria Clara Machado, Diretora Geral, atriz e autora no coletivo Clube da Cena, autora da peça Igual a Você, com direção de Ernesto Piccolo e atuação de Camila Morgado e Coordenadora do Centro de Reciclagem de Atores. Formada em Comunicação Social pela PUC-RJ e em Interpretação Teatral na UNI-RIO (incompleto), bailarina contemporânea, formada pela Faculdade e Escola Angel Vianna, Cristina acabou de concluir treinamento intensivo de 100 horas em Suzuki e Viewpoints em Nova York, na Siti Company, Companhia dirigida por Anne Bogart responsável pela sistematização do Viewpoints ao lado de Mary Overlie.


DANIEL LEUBACK


          Formado em Artes Cênicas – Interpretação pela UNIRIO, pós- graduado em Artes e Educação pela UCAM e atualmente cursando pós-graduação em Preparação Corporal para Atores pela Faculdade Angel Vianna e o último período de Cinema e Audiovisual pela UFF. Sua formação inclui cursos com SITI Company (EUA), Cia dos Atores, José Celso Martinez Corrêa, Júlio Adrião, Denise Stutz, entre outros. Entre os trabalhos mais recentes estão: “Titus” de Shakespeare (o qual dirigiu e atuou); “Tudo bem quando termina bem” (a partir de oficinas que ministrou no Galpão Gamboa) e o infantil “Só Voa Quem Tenta” contemplado pelo FATE 2011. Realizou também a direção do longa-metragem “Eu Fausto” (em co-produção com UNIRIO); e diversos curta-metragens. Outras atividades incluem dublagem; acrobacia aérea, e ministrar aulas de circo, teatro e cinema.


LUCIANA BICALHO


          Pós Graduada em Terapia através do Movimento: corpo e subjetivação, Licenciada em Dança Contemporânea pela Faculdade Angel Vianna e formada pelo Método Ivaldo Bertazzo. Luciana iniciou seu trabalho como bailarina co-fundadora da Cia Atores-Bailarinos do Rio de Janeiro, sob direção de Regina Miranda, com quem iniciou seus estudos em 1979, e desde então aprofunda sua pesquisa e trabalho, tendo como base o Sistema Laban de Análise do Movimento e os Bartenieff Fundamentals. Como professora de Dança Contemporânea baseado no Sistema Laban, ministrou aulas no Curso Técnico de Formação para Bailarinos Contemporâneos na Faculdade Angel Vianna, de 1983 até 2008. No mesmo local, desenvolveu a disciplina, Análise do Movimento, no Curso de Pós-Graduação “Estéticas do Movimento: estudos em dança, videodança e multimídia”. Integra o corpo docente da Pós-Graduação Latu Sensu para “Preparador Corporal nas Artes Cênicas”, e da Pós Graduação “Sistema Laban/ Bartenieff”. Professora de Corpo e Movimento do Curso de Formação Profissional de Atores da CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), desde 1994. Tem estado à frente como coreógrafa e preparadora corporal de várias montagens na CAL, em parceria com diretores como: Renato Icaraí, Celina Sodré, Celina Bebiano, Dudu Sandroni, David Herman, Antônio de Bonnis, Paulo Afonso de Lima, Ticiana Studart entre outros. Com alunos formandos da Escola Angel Vianna dirigiu e coreografou diversos espetáculos. Sob a direção de Afonso Drumond, em 2008 concebeu a direção de movimento da peça “Anjo Malaquias”, com Afonso Drumond e Fabrício Polido, roteiro de Afonso e Eloi Calage e direção de Delson Antunes, indicado ao Prêmio Shell por melhor roteiro adaptado. Desde 2002, tem coordenado trabalhos pedagógicos artísticos, em projetos sociais. Manteve durante cinco anos parceria com a Cia Ética de Teatro e Dança, direção de Carmen Luz, atuando como professora do Sistema Laban de Análise do Movimento e coordenadora pedagógica do Projeto Encantar no Morro do Andaraí. Em 2009, publicou o artigo “Angel Vianna – uma escola de vida” no livro “Angel Vianna – Sistema, método ou técnica?”, organização Suzana Saldanha, publicação FUNARTE.
Em 2010, esteve à frente como orientadora da pesquisa de movimento baseada no Sistema Laban do espetáculo “Três Mulheres e um Café – uma conferência dançada com o pensamento em Pina Bauch.”, direção de Thereza Rocha, com Maria Alice Poppe, Ricardo Duque e Thereza Rocha, em cartaz no Espaço SESC de Copacabana. Ainda em 2010, colaborou na montagem coreográfica da peça “Pedras nos Bolsos”, texto de Marie Jones, direção de David Herman, com Luís Furlaneto e Paulo Trajano, estando em cartaz no Teatro Poeira, indicada como uma das melhores peças de 2010, pelo jornal, O Globo. No mesmo ano com convite da Secretaria Estadual de Cultura, fez parte do júri para Seleção Pública de Projetos nas áreas de Artes Cênicas e Música, para o Circuito Estadual das Artes.
Em 2011 ministrou o Curso Análise do Movimento I, no Curso Técnico em Dança – Turma III, realizado pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), em parceria com o SENAC e a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. (SECULT) Como artista independente ministra aulas em cursos livres, reciclagem para profissionais, trabalha como preparadora corporal, direção de movimento e coreógrafa em montagens voltadas para as artes cênicas.


CLÁUDIA MELE


          Professora de Corpo e Movimento no curso de formação de ator da CAL e professora de Técnica Teatral no curso de formação em dança da Escola Angel Vianna. Ministra a disciplina Viewpoints no curso de Pós Graduação Lato Sensu em Formação de Preparador Corporal nas Artes Cênicas na Faculdade Angel Vianna. Participou do curso de inverno 2010 de Viewpoints e Suzuki, em Nova York, com a SITI Company, companhia de Anne Bogart. É Mestranda em Artes Cênicas pela UNIRIO, graduada em Licenciatura em Dança e pós graduada em Formação de Preparador Corporal nas Artes Cênicas pela Faculdade Angel Vianna. Atriz, diretora, autora e preparadora corporal, participou de mais de quarenta espetáculos teatrais, onde se destacam: Floresta Amazônica em Sonho de Uma Noite de Verão, de W. Shakespeare, dir. Werner Herzog (1992), Doidas Folias, de Ana Maria Nunes, dir. de Paloma Riani e Cristina Bitencourt, representando o Brasil na Biennale Theatre Jeunes Publics em Lyon, França (1996), Papagueno (prêmio Mambembe de melhor atriz 1997) e Pianíssimo (monólogo em que recebeu a indicação de melhor atriz para o Prêmio Coca-Cola - 1999 a 2004) ambos de Tim Rescala, dir. de Lucia Coelho, dentre outros. Escreveu, dirigiu, coreografou, produziu e atuou nos espetáculos Breves histórias por trás do véu (2005 a 2007) e AGORA! (2009 e 2010). Roteirizou e dirigiu o curta-metragem Antes de Dormir e roteirizou as séries de TV Blind Trip (2008), Quase Anônimos (2009) e Minha Praia (2011) todas pelo canal Multishow. Em abril estréia peça de sua autoria, Antes que você me toque, dirigida por Ivan Sugahara.


ALEXANDRE MELLO


          Ator, diretor e especializado na preparação de atores para o aprofundamento de personagens a partir da ação física. Desenvolve uma dinâmica própria de trabalho há vinte anos e atua como professor de interpretação na UniverCidade desde 1994. Fundou em 2005 o Grupo Ateliê Usina e organizou o livro Vestindo Nelson pela Editora Francisco Alves. Participa com ativador do Art Cena _Play de 2011 na Caixa. Como diretor realizou também: O Rinoceronte de E.Ionesco – Espaço Cultural Sergio Porto e Espaço III do Teatro Villa-Lobos- 1997/98. A Paisagem Daqui é Outra – Itaú Cultural- São Paulo e X Panorama de Dança, Espaço Cultural Sergio Porto- (Escolhido entre os Dez Melhores do Ano de 2001 pela Crítica de O Globo)-com Cia. Márcia Rubin. Vassah de Máximo Gorki- Teatro Villa-Lobos, Teatro São Pedro (POA), Caxias do Sul, Teatro Sergio Cardoso (SP) 2000/01, Who´s gonna kill me?, performance no RioCena –Teatro Carlos Gomes- 2002, Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues no Teatro do SESI Junho/julho de 2003. Insulto público de Peter Handke em novembro/2005 no Teatro da UniverCidade e em 2006 no CCBB-Teatro II. Teorema, co-direção da Cia de Dança Márcia Rubin, CCBB. Canção de Mim Mesmo de Walt Whitman – Espaço SESC em outubro de 2006; em 2007 – Canção de Mim Mesmo – a proposição – SESC Avenida Paulista – agosto e setembro; Quatro Pessoas de Mário de Andrade – Espaço SESC – maio de 2008. Solano e Rios de José Sanchis Sinisterra – Espaço SESC – Sala Multiuso – março de 2011 e CCJF em cartaz até setembro de 2011 e Galpão Gamboa. Atualmente prepara QUEBRAOSSOS de Julia Spadaccini. Como ator fez: Édipo Rei; Oréstia; Prometheus e As Troianas. Com o Grupo Mergulho no Trágico foram premiados com o Mambembe 1989 e o Shell 1990. Fez Ñaque de Sanchis Sinisterra – Turnê em Portugal- direção de Moncho Rodrigues – 1992; Family Voices de Harold Pinter – Teatro II do CCBB- direção: Silvia Paselo- 1995; Perdida nos Apalaches de Sanchis Sinisterra – Casa da Gávea- Direção: Sanchis Sinisterra-1997; Acteon de Virgílio Piñera – EntrèScenen Teatret- Aarhus, Dinamarca- direção: Miyoko Kataoka- 1998. Atuou em Capital Federal –CCBB no Rio e em Na Geladeira no Espaço SESC em 2003 e circuito SESC-RJ, em turnê. HAMELIN de Juan Mayorga com direção de André Paes Leme CCBB Rio e São Paulo e Teatro Gláucio Gill. Apresentou-se ainda em Fortaleza, Salvador, Manaus, Porto Alegre, Caxias do Sul, Santa Maria, Nova Iguaçu, Teresópolis, etc. MIRA! em parceria com Oscar Saraiva em junho/2010 na arena do Espaço SESC.


SOBRE O CENTRO DE RECICLAGEM DE ATORES:


           O Centro de Reciclagem de Atores começou a funcionar em maio de 2010 com a missão de treinar, reciclar e manter aquecidos atores profissionais que estão exercendo seu ofício em diversas frentes, como cinema, TV e teatro. Em 2 anos de funcionamento o CRA reuniu cerca de 300 atores profissionais, que tiveram encontros/aulas com cerca de 30 professores diferentes, gerando trocas artísticas e movimentando a classe. Entre os ministrantes do Centro de Reciclagem, sempre grandes profissionais como Domingos de Oliveira, Amir Haddad, Daniel Herz, Christiane Jatahy, Marcio Libar, Hamilton Vaz Pereira, Jefferson Miranda, Ivan Sugahara, entre outros. Neste terceiro ano de funcionamento o CRA cresceu e vai passar a oferecer também uma reciclagem física, como forma de suprir a demanda por treinamento físico que existe no Rio de Janeiro. O projeto agora passará a acontecer em 2 campus: Lagoa (Reciclagem de Interpretação) e Botafogo (Reciclagem Física).
Coordenando o CRA, a Diretora Geral do coletivo artístico Clube da Cena e uma das Diretoras Artísticas do Teatro Maria Clara Machado – Planetário, Cristina Fagundes.


Aguardamos seu currículo.


Mais informações: 9666-9954 ou reciclagemdeatores@gmail.com


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sábado, 3 de março de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Os mamutes"

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Verborragia e delírio no Sesc


Lionel Fischer


"Isadora, menina perversa e inteligente, está trancada em seu quarto e escreve a história de Leon - uma rapaz honesto,  criado pela avó através dos valores cristãos - que precisa de um emprego para sustentá-los. Com isso, tenta uma vaga de fritador de hambúrgueres na Mamute's Food, um fast food que vende hambúrguer de carne humana. Para conseguir a vaga, ele precisa matar um mamute - um ser humano sem valores morais. Esse dilema o persegue e ele se vê diante de uma encruzilhada: matar um ser humano, por pior que ele seja, e carregar essa culpa, ou entrar para o sistema e se tornar também um mamute?"

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza o enredo de "Os mamutes", de Jô Bilac. Em cartaz no Espaço Sesc, a nova montagem da Cia. OMONDÉ chega à cena com direção de Inez Viana e elenco formado por Débora Lamm, Cristina Flores, Carolina Pismel, Ricardo Souzedo, Diogo Camargos, Luiz Antonio Fortes, Jefferson Schroeder, Iano Salomão, Zé Wendell, Junior Dantas e Juliane Bodini.

No programa oferecido ao público consta uma declaração do autor, da qual reproduzo a primeira frase, posto que me parece a essencial: "Escrevi Os mamutes com 18 anos de idade, um delírio juvenil violento e nonsense". De fato, estamos diante de um delírio violento e nonsense, cujo principal tema é de total pertinência: o eterno dilema entre enquadrar-se às normas vigentes e ser aceito pelo sistema, ou negá-lo em nome de valores éticos e morais e assim sofrer as consequências de tal negação.

Entretanto, torna-se impossível não constatar uma certa precariedade dramatúrgica, evidenciada por uma narrativa verborrágica e um tanto confusa, compreensível em se tratando de um jovem de 18 anos que escrevia sua primeira peça. Ainda assim, aqui podemos perceber o embrião de um autor que mais adiante produziria textos de grande qualidade, como "Cachorro" e "Savana glacial", dentre outros, que colocam Jô Bilac entre os expoentes de uma nova e brilhante geração de autores cariocas.

Quanto à montagem, Inez Viana impõe à cena uma dinâmica eletrizante, criativa e muito divertida, em total sintonia com as propostas do autor. E cabe também ressaltar sua contribuição para o bom desempenho de todo o elenco, que embarca de cabeça nesta curiosa empreitada teatral e consegue valorizá-la ao máximo, mesmo levando-se em conta, como já foi dito, uma certa precariedade do texto.

Na equipe técnica, são corretas as participações de Marcelo Alonso Neves (direção musical) e dos músicos Aline Gonçalves, Chico Werneck e Felipe Antello, a mesma correção presente na cenografia de Nello Marrese e na iluminação de Renato Machado, cabendo um destaque todo especial para os divertidos e críticos figurinos assinados por Flavio Souza.

OS MAMUTES - Texto de Jô Bilac. Direção de Inez Viana. Com Debora Lamm, Diogo Camargos e outros. Espaço Sesc. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 20h.  

sexta-feira, 2 de março de 2012

MITA II



Mostra Internacional de Teatro de Animação


Rio de Janeiro 2012


21 a 25 de março


Caixa Cultural


Teatro Nelson Rodrigues e Sala Margot






          Pela segunda vez a PeQuod e a Caixa Cultural trazem para o público carioca o que há de melhor no teatro de animação no Brasil e no exterior. Artistas e grupos vindos da Espanha, Holanda e Minas Gerais, além da anfitriã carioca PeQuod, mostram no Rio seis espetáculos de altíssimo nível, que irão encantar adultos e crianças.


          Entre os convidados internacionais, a DudaPaiva Company está sediada em Amsterdã, na Holanda, e realiza seu trabalho por toda a Europa, mas é criação de um brasileiro. Da Espanha chegam dois espetáculos da catalunha, Don Juan. Memoria amarga de mí, da Companhia Pelmànec, e Sota Mínims, da La Cònica. Minas também apresenta dois espetáculos da Catibrum Teatro de Bonecos, que chega com o infantil Homem Voa? e o adulto Trem da Memória. A PeQuod contempla os pequenos e os grandes com O Velho da Horta, um clássico do repertório da companhia, baseado na obra de Gil Vicente.


          A primeira MITA, em fevereiro de 2010, trouxe os gênios holandeses da Electric Circus Co., e seu autômato Dirk, um boneco em tamanho natural que andou pelas ruas do Rio causando espanto e curiosidade. Contrastando com toda essa tecnologia, de Portugal vieram Os Bonecos de Santo Aleixo e toda a sua tradição. Assim a primeira mostra quis demonstrar como é vasto esse gênero teatral.


          Este ano, o curador da MITA e diretor da PeQuod, Miguel Vellinho, diz que o foco está no teatro híbrido, onde se misturam teatro, vídeo, música, artes plásticas e recursos vindos de outras expressões artísticas, como o cinema e a dança. “É sem dúvida a característica mais visível no Teatro de Animação a cada ano que passa. Não poderia deixar de ser também o tema desta segunda edição da MITA”, diz Vellinho.


PROGRAMAÇÃO:


Bastard! - DudaPaiva Company
Holanda
Dias 21 e 22 às 19h
Teatro Nelson Rodrigues
16 anos. 60 min


          Pela primeira vez no Rio de Janeiro, Duda Paiva, brasileiro radicado na Holanda, traz para a MITA seu mais recente espetáculo, Bastard!. Inspirado no romance L'Arrach-coeur, do escritor francês Boris Vian, Duda recria a abordagem alegre e bem-humorada do autor para a crueldade humana. Unindo dança, vídeo e animação de uma forma absolutamente encantadora, Bastard! é uma experiência inesquecível.


          Conceito, coreografia e performance: Duda Paiva Direção final e coreografia: Paul Selwyn Norton Dramaturgia: Jaka Ivanc Orientação de manipulação: Neville Tranter Objetos: Duda Paiva e Jim Barnard Vídeo: Hans C. Boer e Jaka Ivanc Luz: Mark Verhoef Sonorização: Erikk McKenzie


Sota Mínims - La Cònica
Espanha
Dias 23, 24 e 25 às 18h
Sala Margot / Caixa Cultural
16 anos. 25 min


          Mercè Gost i Grifoll apresenta sua pequena jóia Sota mínims, que poderia ser traduzida como “uma ninharia”. Minimalista e espetacular, Mercè nos oferece este espetáculo como se oferecesse uma refeição. Com pratos, copos, sombra, luz e muita poesia, Sota mínims é um verdadeiro banquete para a alma, onde a sobremesa é uma surpresa.


          Criação e manipulação: Mercè Gost i Grifoll Direção e cenografia: Alfred Casas Mottet Dramaturgia: Jordi Palet Puig Fotografia: Jesús Atienza Designer gráfico: Montse Mateu Vídeo: Harmonia Carmona


O Velho da Horta - Cia PeQuod
Rio de Janeiro, Brasil
Dia 23 às 19h
Teatro Nélson Rodrigues
LIVRE. 60 min


          Celebrando os dez anos do espetáculo, a anfitriã PeQuod comemora o êxito ininterrupto desta montagem em plena MITA. A farsa de Gil Vicente, escrita em 1512, conta a história de um hortelão idoso que se apaixona por uma jovem freguesa. Embora ela não corresponda ao seu amor, o Velho acredita tê-la conquistado, enganado por uma trapaceira que se faz de intermediária do romance.


          Direção: Miguel Vellinho Elenco: Liliane Xavier, Raquel Botafogo, Marcio Nascimento e Márcio Newlands Adaptação do texto: Rosita Silveirinha, Márcio Newlands e Miguel Vellinho Cenografia: Carlos Alberto Nunes Figurinos: Kika de Medina Direção Musical: Maurício Durão. Iluminação: Renato Machado Assist. Teórica: Rosita Silveirinha Assist. Direção: Márcio Newlands Músicos: Maurício Durão (teclados), Eduardo Camenietzki (violão) e Kleber Vogel (violino) Confecção dos Bonecos: Mariane Gutierrez, Márcio Newlands, Bernardo Macedo e Miguel Vellinho Esculturas: Bernardo Macedo Fotografias: Simone Rodrigues



Homem Voa? - Catibrum Teatro de Bonecos
Belo Horizonte, Brasil
Dias 24 e 25 às 16h
Teatro Nelson Rodrigues
8 anos. 60 min


          A Catibrum ficou fascinada com a história de Santos Dumont, de menino sonhador a gênio que conquistou os ares, estreitando as distâncias entre os povos. A concepção do espetáculo foi baseada no livro Santô e os Pais da Aviação, de João Spacca, com pitadas de Alice Através do Espelho, do escritor Lewis Caroll. A mistura é o resultado da busca por uma linguagem mais ágil e uma estética baseada nos quadrinhos para apresentar a vida de um gênio brasileiro na Paris da Belle Époque – período marcado por grandes conquistas tecnológicas.


          Adaptação e Direção: Lelo Silva Trilha sonora: Clayton Barros Criação de Luz: Lelo Silva Bonecos, cenários e adereços: Eduardo Santos, Tim Santos, Cecília Berger, Lelo Silva e Cassia Domingues Figurinos: Regina Gontijo Atores/manipuladores: Eduardo Santos, Amaury Borges, Daniela Perucci, Admar Fernandes e Patrícia Lanari Produção Executiva: Adriana Focas e Jaqueline Cunha Melo Produção: Centro de Produção Cultural Catibrum Teatro de Bonecos.


Don Juan. Memoria amarga de mí - Companyia Pelmànec
Espanha
Dias 24 e 25 às 20h
Teatro Nelson Rodrigues
12 anos. 70 min


          Don Juan está velho, doente, preso sozinho num convento, com exceção de um jovem monge que cuida de seus últimos dias. Este é o ponto de partida para o tributo que a Cia Pelmànec presta a uma lenda do teatro e da literatura espanhóis. Uma revisão que leva o personagem a enfrentar a si mesmo, para representar a si próprio: Don Juan por Don Juan. Uma obra de grande vigor interpretativo, graças às maravilhas que Miquel Gallardo executa no palco.


          Direção: María Castillo Interpretação: Miquel Gallardo Atrizes (projeção): Ingrid Domingo, Annabel Totusaus, Marcia Cisteró, Laura Barba, Dolça Cos, María Castillo Texto: Miquel Gallardo e Paco Bernal (a partir de textos de Tirso de Molina, José Zorrilla, Molière e Josep Palau i Fabre) Construção dos bonecos: Martí Doy Cenografia: Xavier Erra Iluminação: Fiorella Giudicessi Música: Pep Pascual e Miquel Gallardo Figurino: Susana Santos e Roser Puig Projeções: Armand López Técnico de iluminação, som e projeções: Xavier Muñoz. Fotos e design gráfico: Tercer Pólo Produção: Companyia Pelmànec. Este espetáculo teve a colaboração do Ajuntament de la Vila de Piera, Teatre de l’Aurora e l’Institut Català de les Indústries Culturals.


Trem da memória - Catibrum Teatro de Bonecos
Belo Horizonte, Brasil
Dias 24 e 25 às 18h
Jardins do Teatro Nelson Rodrigues
16 anos. 9 min


          Livremente inspirada no conto Sorôco, sua Mãe, sua Filha, de Guimarães Rosa, e nas obras de Arthur Bispo do Rosário, Trem da Memória envereda pelos caminhos tortuosos da loucura. Sem palavras e com uma trilha sonora arrebatadora, o miniespetáculo é apresentado somente para duas pessoas por vez, que assistem por ângulos diferentes aos encontros e desencontros de curiosos personagens na estação da vida.


          Criação e interpretação: Lelo Silva Bonecos: Lelo Silva, Patrícia Lanari e Luiza Bastos Cenário: Tim Santos Trilha sonora: Lelo Silva, Tim Santos – Colaboração: Admar Fernandes.

Esse espetáculo tem ENTRADA FRANCA.


Cia. PeQuod

          Principal companhia carioca dedicada à Animação e uma das mais importantes do país, a PeQuod tem 12 anos de existência com um repertório sólido e reconhecido no Brasil e no exterior. Entre seus trabalhos mais recentes estão A Chegada de Lampião no Inferno, indicada ao Prêmio Shell de Teatro nas categorias de Melhor Cenografia e Melhor Iluminação, e apresentada na MITA de 2010, e duas montagens simultâneas de adaptações, para os públicos infantil e adulto, do clássico de Hans Christian Andersen, a Sereiazinha, rebatizadas como Marina e Marina, a sereiazinha. A última rendeu em 2011 cinco Prêmios Zilka Salaberry de Teatro Infantil, entre eles Melhor Direção e Melhor Espetáculo. A versão adulta foi indicada ao Shell do ano passado e venceu em duas categorias do Prêmio APTR de Teatro. Atualmente a PeQuod mantém diversas oficinas em sua nova sede na Lapa, Rio de Janeiro.


          Uma das principais características da companhia é o estudo criterioso sobre a espacialidade no Teatro de Animação, procurando rever determinados conceitos e aproximar essa arte milenar do público do século XXI, em plena era tecnológica.


A PEQUOD é PATROCINADA pela PETROBRAS.


MITA II


Mostra Internacional de Teatro de Animação II


21 a 25 de março


Ingressos: $10 (meia entrada para estudantes e maiores de 65 anos)
Teatro Nelson Rodrigues/Caixa Cultural
Av. Chile, 230 – Anexo – Centro – Tel: (21) 2262-5483
lotação - 386 + 2 cadeirantes
horário da bilheteria: a partir das 15h


Sala Margot/Caixa Cultural


Ingressos: $10 (meia entrada para estudantes e maiores de 65 anos)
Rua Almirante Barroso, 25 – Carioca - tel:(21) 2544-4080
lotação: 50 lugares – acesso para deficientes
Bilheteria: de 10h as 22h


CONFIRA AS ATUALIZAÇÕES NO SITE da Cia PeQuod - http://www.pequod.com.br


Confira também na web sites e links no you tube com imagens de alguns espetáculos e performances que estarão presentes na MITA:


DudaPaiva Company http://www.youtube.com/watch?v=HiIDTUb6aHI


Catibrum http://www.youtube.com/watch?v=1FlqJY1Ny1A&feature=related


Companyia Pelmànec http://www.youtube.com/watch?v=f-0TMxMmXOg&feature=related


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quinta-feira, 1 de março de 2012

Companhia liderada por Moacir Chaves, a ALFÂNDEGA 88 reabrirá o Teatro Serrador, na Cinelândia, no próximo dia 05, depois de três anos fechado.



          Quatro espetáculos integram a ocupação de estreia do teatro: “A alma imoral”, “A descoberta das Américas”, “Joaquim e as estrelas” e “A negra Felicidade”.


          Depois de três anos fechado, o Teatro Serrador voltará a abrir suas cortinas. A companhia de teatro Alfândega 88 liderada pelo diretor Moacir Chaves ocupará o espaço até o final do ano e já pautou quatro espetáculos para a sua programação, que começa no dia 5 de março com “A alma imoral”, o consagrado monólogo de Clarice Niskier. A peça ficará em cartaz durante duas semanas seguidas, de segunda a domingo, sem intervalo, finalizando a temporada no dia 18 de março.


          Em seguida, entrarão em cartaz “A descoberta das Américas”, outro consagrado monólogo interpretado por Julio Adrião, de 19 a 31 de março, também com sessões corridas, todos os dias; o premiado infantil “Joaquim e as estrelas”, da Companhia Teatro de Nós, de 24 de março a 29 de abril, aos sábados e domingos; e “A negra Felicidade”, o espetáculo inédito da Alfândega 88, que estreia dia 4 de abril, com sessões diárias até o dia 15.


          O Teatro Serrador será reinaugurado pela Alfândega 88 numa iniciativa patrocinada pela Prefeitura do Rio/ Secretaria Municipal de Cultura através do FATE 2011 (Fundo de Apoio ao Teatro), que contemplou o projeto de manutenção da Companhia.


           Tradicional espaço cultural, situado na Rua Senador Dantas, 13, no Centro Histórico do Rio de Janeiro, com localização de fácil acesso (ao lado do metrô), o teatro esteve fechado durante três anos e agora, com esta iniciativa, abrigará uma intensa programação anual de atividades artísticas, beneficiando um grande contingente de pessoas. O público poderá desfrutar, gratuitamente, de oficinas (de interpretação, expressão corporal, dramaturgia, iluminação), leituras encenadas abertas ao debate, além de peças de teatro a preços populares, que permanecerão em cartaz no sistema de repertório.


          A programação será composta por espetáculos já consagradas de anos anteriores, outros que estiveram recentemente em cartaz com excelente retorno de crítica e público, além de estreias, tanto da Alfândega 88 quanto de outras companhias, tanto adultos quanto infantis, selecionados por prezarem pela acuidade artística, ao mesmo tempo que possuem grande comunicabilidade com o público. As peças estarão em cartaz de segunda a segunda, além das sessões de infantis nos fins de semana, num teatro com capacidade para 350 pessoas, por todo o período de um ano da duração deste projeto, num total de mais de 72 mil espectadores - além do público beneficiado com as oficinas e as leituras encenadas.


          Gerenciada por Moacir Chaves e sua companhia, essa forma de ocupação já foi utilizada pelo diretor no Teatro Maria Clara Machado e lhe rendeu o Prêmio Shell, Categoria Especial, temporada 2003.


          A Alfândega 88 é formada ainda por diversos artistas, como Aurélio de Simoni, Diego Molina, Elisa Pinheiro, Edson Cardoso (Jacaré), Adriana Seiffert, Andy Gercker, Danielle Martins de Farias, Denise Pimenta, Fernando Lopes Lima, Leonardo Hinckel, Mariana Guimarães, Pâmela Côto, Peter Boos, Renata Guida e Rita Fischer, e conta ainda com os técnicos Edmar da Rocha e Isaque Souza.


          Maiores informações no site www.alfandega88.com.br, pelo e-mail alfandega88@hotmail.com ou pelo telefone (21) 2527.0993.


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SERVIÇOS:


A alma Imoral


Atuação e concepção: Clarice Niskier


Supervisão cênica: Amir Haddad


Texto: adaptação de Clarice Niskier para o livro homônimo de Nilton Bonder


- De 5 a 18 de março


- De segunda a domingo


- Às 19h


- Classificação: 18 anos


- Entrada: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 5,00 (estudantes de teatro e classe artística)


A descoberta das Américas


Elenco: Julio Adrião


Texto: Dario Fo


Direção: Alessandra Vanucci


- De 19 a 31 de março


- De segunda a domingo


- Às 19h


- Classificação: 12 anos


- Entrada: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 5,00 (estudantes de teatro e classe artística)


Joaquim e as estrelas


Texto: Renata Mizrahi


Direção: Diego Molina


Elenco: Carolina Godinho, Elisa Pinheiro, Gisela de Castro, João Velho, Marcio Freitas, Morena Cattoni, Peter Boos


- De 24 de março a 29 de abril


- Sábados e domingos


- Às 16h


- Classificação: livre


- Entrada: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 5,00 (estudantes de teatro e classe artística)


A negra Felicidade


Direção: Moacir Chaves


Elenco: Andy Gercker, Adriana Seiffert, Danielle Martins de Farias, Diego Molina, Edson Cardoso, Elisa Pinheiro, Fernando Lopes Lima, Leonardo Hinckel, Mariana Guimarães, Renata Guida, Rita Fisher, Pâmela Côto, Peter Boos


- De 4 a 15 de abril


- De segunda a domingo


- Às 19h


- Classificação: 14 anos


- Entrada: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 5,00 (estudantes de teatro e classe artística)


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Nelson e a nudez

Edélcio Mostaço


          Toda nudez será castigada estreou em 1965, ápice de um ciclo de grandes criações na obra dramática de Nelson Rodrigues. Examinemos aqui algumas de suas características, passando antes por considerações sobre o discurso de Nelson, à luz de quatro dos seus mais notórios e singulares procedimentos que, em meu livro Nelson Rodrigues, a transgressão, designei como matrizes de sua obra.

O dialogismo dostoievskiano

          O dialogismo surge quando várias vozes são invocadas, simultâneas ou alternadas, para a constituição de um discurso, o que lhe confere a tessitura de um diálogo, uma alternância de argumentos para as afirmações ou negações que este coloca à consciência; opondo-se ao monologismo, quando o fluxo de consciência se mostra sólido, uma única voz originando a verdade daquele instante de consciência. Dostoiévski foi apontado por Bakhtin como o grande mestre na articulação desse tipo de discurso.

          Tendo sido Nelson um leitor contumaz de Dostoiévski, não é estranhável que tenha ali bebido algumas das matrizes narrrativas que o ajudaram a consubstanciar sua obra. Esse traço também está presente em Toda nudez.

          A crítica dostoievskiana costuma referir-se à "Nova psicologia" inerente às suas criaturas, marcadas pela ambivalência que as trespassa. Amor/ódio, orgulho/humilhação, realce/rebaixamento, certeza/dúvida são algumas dessas antinomias, acolhidas por Nelson e cintilando em quase todos os seus personagens centrais. Em Toda nudez encontramos diversos ecos dessa configuração:

GENI - Se há uma coisa que eu tenho bonito é o busto! [...] Malditos também os meus seios!

HERCULANO - Todos os meus amigos sabem que eu tenho horror, horror de prostituta! [...] (Para Geni) Meu bem, nós acabamos de fazer uma lua de mel de três dias.

          Em Nelson Rodrigues, essa nova psicologia dispensa motivações e explicações sobre o caráter dos personagens, pois a ação se inicia num ponto alto de tensão, expondo dilemas que exigem solução imediata. Toda nudez começa com Herculano ouvindo a gravação deixada por Geni: "Herculano, quem te fala é uma morta. Eu morri. Me matei", prognosticando o elevado grau de angústia de seu depoimento.

          O recorte psicológico incluiu a báscula entre um romantismo desacreditado (ou um idealismo sem convicção) e um realismo mal sustentado (aberto ao irracional e mesmo ao místico). Sabedora, por Patrício, das condições de luto em que vive o irmão dele, Geni declara:

GENI - Herculano, você me interessou de cara. Te confesso. Talvez porque havia uma morta. Uma morta entre nós dois. E a ferida no seio. Eu não sou como as outras. Eu mesma não me entendo. Aos seis, sete anos, eu vi um cavalo, um cavalo de corrida. Sei então que não há ninguém mais nu do que certos cavalos.

          O enunciado é paradoxal, pois nada parece ligar uma coisa à outra; a não ser a locução: "Eu mesma não me entendo". Mais adiante encontramos:

MÉDICO - Acredito no homem.

HERCULANO - Está certo! Mas doutor, o senhor me desculpe. Se tirarem do homem a vida eterna, ele cai de quatro, imediatamente.

MÉDICO - Então, eu sou um quadrúpede.

HERCULANO - Oh, doutor, o que é isso? A vida eterna está com o senhor, mesmo contra a sua vontade!

          O uso das fórmulas, das frases feitas, das generalizações denota a falta de convicção e a crise das consciências:

HERCULANO - Assim como se nasce poeta, ou judeu, ou agrimensor - se nasce prostituta!

PADRE - Socialista, comunista, trotsquista, tudo dá na mesma. Acredite: - só o canalha precisa de ideologia que o justifique e absolva.

          E, em ambos os autores, expedientes retóricos potencializam o sentimentalismo próprio ao melodrama, mas tomando por modelo a grandiloquência da tragédia e da epopeia; sendo que, no caso de Nelson, mais precisamente pelo viés da ópera e do filme B de Hollywood. Essa característica fica ainda mais evidente na típica "cena de escândalo", geralmente presenciada por personagens que não deveriam estar ali:

TIA - Prenderam o menino. Botaram o menino no xadrez junto com o ladrão boliviano. O outro era muito mais forte. (Exaltando-se) E, então, (tem verdadeiro acesso) o resto não digo! Vocês não vão saber! (Recua diante de Geni) Essa mulher não vai ouvir de mim, nem mais uma palavra.

HERCULANO - Mas está vivo?

TIA (Incoerente, cara a cara com o sobrinho) - Teu filho foi violado! Violado! Não é isso que você queria saber? (Vai até Geni) Violado! Violaram o menino!

GENI (Agarrando-se a Herculano) - Eu não vou-me embora! Eu fico! Eu fico! Herculano.

HERCULANO - Cachorra! Cachorra!

TIA - Está morrendo no hospital! (Herculano foge gritando. Então, como uma louca, a tia começa a dizer coisas) Quando eu era garotinha, eu vi meu pai dizer uma vez: - "Pederasta, eu matava!" (Com súbita energia, para Geni) Mas o menino não é nada disso. Um santo, um santo!

          Aqui termina o segundo ato, constituindo-se num arremate que, além de projetar a tensão dramática, igualmente alberga uma revelação decisiva para o enredo, a emergência de novos episódios que fazem a trama apertar-se, enovelar-se, aguçando o apetite da platéia.

O duplo pirandelliano

          Embora tenha repudiado qualquer vínculo com Pirandello, Nelson manipula, irretorquivelmente, vários expedientes empregados pelo autor italiano como, por exemplo, o redobramento de personagens (dos contos para o palco e vice-versa); a projeção autobiográfica (Nelson declarou: "Toda vez que alguém mata alguém em minhas peças é um eco do assassinato de meu irmão"); e a categórica teatralidade da narrativa cênica.

          Nelson recorre a diversos procedimentos para intensificar a teatralidade, entre eles, a farta utilização da iluminação e da cenotécnica, dos adereços e da caracterização, como se pode observar nos cortes de luz e nos três planos do enredo em Vestido de noiva; nas máscaras em Doroteia ou nas mãos decepadas em Senhora dos afogados.

          Aproxima-se também de Pirandello o uso recorrente da metanarratividade, ou seja, o recurso de uma enunciação dentro de outra enunciação (o diário de Clessi em Vestido de noiva; as três versões para evocar Boca de Ouro na entrevista de Dona Guigui; a fita gravada que dá um formato de flashback a Toda nudez será castigada; o papel e a função da imprensa em Beijo no asfalto e Viúva, porém honesta; a sessão de mesa-branca em Os sete gatinhos).

          Também é pirandelliano o tom de humor inerente a Nelson, distante do refinamento british e próximo ao paroxismo peninsular, constituído pelo sentimento do contrário (a percepção de que o fato observado possui, nas entranhas, outra significação), o que motiva uma reflexão por parte do observador.

Matéria e memória proustiana

          Nenhum outro autor explorou a memória com tanta desenvoltura quanto Proust. Sua intensidade narrativa não nasce apenas das evocações, digressões ou circunvoluções que seus personagens empreendem, mas também de tudo que é veiculado por meio das criadas e serviçais que, na Recherche, ocupam um papel de destaque, por privarem da intimidade dos personagens e veicularem suas novidades, modos, manias, hábitos e insignificâncias que consagram o triunfo do fait divers, hoje disseminado nas colunas de fofocas, nos painéis do dia e blogs e, na época de Nelson, na imprensa.

          Como Proust, nosso autor reservou aos serviçais diversos papéis significativos: os empregados coniventes (o velho de barbas bíblicas de Álbum de família; a criada negra de Toda nudez, o chofer de Perdoa-me por me traíres); os pusilâmines ou acachapados pelo poderio econômico (Pardal, em Viúva, porém honesta, e Peixoto, em Bonitinha, mas ordinária); ou servindo ao usufruto sexual (Noêmia, em O casamento, a Crioula, em A serpente). O emprego do fait divers possibilitou a Nelson milhares de crônicas, reunidas especialmente em A vida como ela é.

Matriz melodramática

          Eric Bentley designou o melodrama como uma "restauração de nossa infância perdida"; momento em que, encurtando a distância entre o eu quero e o eu posso, o voluntarismo cintila. Pode-se inferir no melodrama o mesmo processo que Freud identificou como o retorno do recalcado, uma vez que, nele, a virtude, engolfada inteiramente pelo mal, experimenta vicissitudes insuportáveis, tendo de dar provas, a todo instante, da firmeza de seus propósitos. Os sentimentos, desse modo, encontram seu ápice, manifestando-se de modo primitivo, quase instintual.

          A estruturação técnica do melodrama se caracteriza pelo enredo pontilhado de incidentes, para forçar o espectador a nunca perder o interesse; pelas reviravoltas bruscas, pelas revelações ou descobertas inesperadas, que envolvem em trama rocambolesca personagens-tipo: de um lado heróis, de outro vilões. Encontros inesperados, cartas e documentos perdidos e achados, venenos e armas de fogo nos locais mais incongruentes, festas ou bailes mascarados, crianças trocadas ao nascer, injustiças diversas - morais, sociais, profissionais - exigindo reparação, além de assassinatos misteriosos, conspirações e traições integram uma cosmovisão maniqueísta, cujo objetivo é premiar a virtude e condenar o vício.

          Em Toda nudez vários desses expedientes foram mobilizados: a saga da puta arrependida, o conflito entre irmãos que gera vingança, a sucessão enovelada dos episódios, o filho virgem estuprado na cadeia, as traições - morais e sexuais - que resultam em adubo para a explosão dos sentimentos, as tias solteironas como coadjuvantes, o médico e o padre como confidentes e conselheiros, a morte de Geni como redenção.

          Examinadas essas quatro matrizes fundadoras, passemos à averiguação do enredo de Toda nudez será castigada.

O enredo

          A trama segue uma construção obsessiva - escalonada como um turbilhão de cenas e sequências a se precipitarem, sem tempo para respiração da plateia. Esse mesmo processo construtivo já havia sedo explorado em A falecida, Bonitinha, mas ordinária ou Boca de Ouro, mas, nesse texto, atinge um ponto limite.

          Para tanto, um primeiro vetor é acionado - o tempo. Embora muitos dias tenham sido necessários para que os conflitos se conformassem e pudessem atingir o grau de concentração apresentado, seu ritmo não é linear, obedecendo apenas à ação vertiginosa dos personagens. Na mesma chave, o espaço é unificado segundo as necessidades da diegesis, saltando de um lugar a outro com a rapidez de uma meia volta nos calcanhares.

          É nesse sentido que a figura psicanalista da neurose obsessiva serve para ilustrar, metaforicamente, os expedientes manipulados. Há uma compulsão nos atos, acompanhada de idéias fixas, ruminação mental, dúvidas inexplicáveis, escrúpulos sem causa aparente toldando o pensamento e a ação das criaturas. Para Freud, a neurose obsessiva faz-se acompanhar de um erotismo anal, em geral latente, ainda que suas emanações tornem-se presentes através de metáforas ou metonímias no plano da fantasia. A curra de Serginho, aqui, ocupa a função metonímica.

          O fulcro da ação em Toda nudez é marcado pela vertigem sexual que interliga os personagens centrais e, para vtanto, três movimentos paralelos são empreendidos: no primeiro temos a "queda" de Herculano em relação a Geni ("casto e semi-virgem", como o define Patrício, o páter-familias é tragado pela volúpia ao ver a foto de Geni nua. Ajudado pela bebida, passa 72 horas no quarto com ela, em meio à devassidão que apenas um surto de insaciável energia erótica explica).

Um segundo movimento dá-se entre Geni e Serginho (ao saber que o rapaz foi estuprado na cadeia, ela é tomada de pena, uma vertigem consoladora que não mais distingue entre a fêmea abnegada e a caridade de rameira, empregando todas as suas forças para conquistá-lo e torná-lo seu amante); e um último e inesperado vínculo interliga o ladrão boliviano e Serginho (sexualmente anódino, frio e virgem, o rapaz desperta subitamente para o prazer da libido ao ser violentado, criando uma dependência que não afasta um fundo masoquista). Patrício, o quarto personagem central, está fora desses diagramas, mas é quem manipula os cordões das inter-relações, quem promove os encontros e os desencontros entre os três vértices do triângulo.

          Ou seja, o clássico triângulo das paixões malsãs é aqui conformado para, em seguida, ser sarcasticamente desfeito, através de um expediente narratológico que apela para o suspense e o imprevisível, desmontando o senso comum do leitor/espectador. Senso comum em relação ao plausível, àquilo que a moralidade pública costuma julgar conveniente. Mas Nelson não se dobra às conveniências, introduzindo em sua produção um odor fétido, desagradável, malsão - como ele próprio classificou seu teatro - adernando para o lado escuro de um inconsciente que, sufocado e reprimido, explode com violência.
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Artigo extraído - e aqui reduzido - da edição nº 29 da revista Folhetim. Edélcio Mostaço é bolsista do CNPq. Professor da graduação e da pós-graduação na Udesc.