segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Teatro/CRÍTICA

"Sentimendo do mundo - Trilogia filosófica cantante"

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O amor em delicioso encontro


Lionel Fischer


Em certa ocasião, em meio a informal conversa (creio que todas as conversas devam ser informais, posto que do contrário não são conversas, mas depoimentos, confissões etc.), Domingos Oliveira me disse que eu havia nascido com a vocação do aplauso. Naturalmente que recebi tal avaliação como um elogio, pois aquele que reluta em aplaudir o outro acaba enveredando pelo abjeto campo da inveja.

Assim sendo, nada mais natural que tenha me encantado com a presente montagem, que integra a trilogia "Sentimento do Mundo" e está dividida em três partes: "Da condição humana e da sociedade", "Do amor" e "Do mistério e da arte" - a presente crítica se refere ao segundo segmento, ora em cartaz no Teatro dos Quatro. Domingos responde pelo texto e direção, dividindo a cena com Priscilla Rozenbaum, Ricardo Kosovski, Dedina Bernardelli, Waldimir Pinheiro, Letícia Carvalho, Domenico Lancellotti, Lincoln Vargas, Rubinho Jacobina e Clarisse Magalhães.

Também em informal conversa (assim como por escrito, em algumas críticas), disse certa vez a Domingos Oliveira que o considerava o autor nacional que mais entendia de amor - não me lembro sua  reação: se baixou os olhos, rubro de modéstia, ou se apenas sorriu, dispensando qualquer comentário. Mas ratifico minha opinião: Domingos realmente entende de amor e o encara como uma premissa essencial para que ao menos consigamos nos aproximar desta senhora não raro tão fugidia: a felicidade.

Alternando textos deliciosos com canções não menos significativas, o espetáculo propõe uma espécie de informal encontro com a platéia, como se todos - espectadores e elenco - tivessem por acaso se encontrado num bar e decicido se sentar na mesma mesa. 

Mas ainda que despretensiosa e simples em termos formais, a montagem faculta ao público sábias reflexões sobre o tema que lhe deu origem, algumas muito divertidas, outras impregnadas da mais genuína emoção; algumas dirigidas diretamente ao público, outras encenadas na forma de pequenos esquetes.

E assim, em meio a reflexões e breves encenações, sempre materializadas na cena com irrepreensível competência por todo o elenco, o público pode usufruir a notável capacidade de Domingos Oliveira de pensar o amor, certamente nos ajudando a compreendê-lo mais profundamente em suas múltiplas variantes.

Na equipe técnica, Ronald Teixeira e Gika Vereza respondem por uma cenografia que atende às necessidades do espetáculo, o mesmo ocorrendo com os figurinos de Angèle Fróes e a iluminação de Paulo César Medeiros. Domenico Lancellotti responde por ótima direção musical, cabendo ainda destacar a trilha sonora de Domingos e a colaboração no roteiro de Tatiana Muniz.

DO AMOR - Texto e direção de Domingos Oliveira. Com Domingos, Priscilla Rozenbaum, Ricardo Kosovski, Dedina Bernardelli e outros. Teatro dos Quatro. Quinta a sábado, 19h.  

      

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