quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Teatro/CRÍTICA

"Agnaldo Rayol - A alma do Brasil"



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Divertido e encantador tributo



Lionel Fischer



Ator de cinema e televisão, apresentador de TV, pintor e poeta, Agnaldo Rayol começou a cantar aos oito anos de idade na Rádio Nacional. Daí em diante, seu espantoso e precoce talento só fez evoluir, o que permitiu a Agnaldo construir uma das mais belas e sólidas carreiras de intérprete musical do país.

Com texto assinado por Fátima Valença, "Agnaldo Rayol - A alma do Brasil" está cumprindo temporada no Centro Cultural Correios. Roberto Bomtempo responde pela direção do espetáculo, que tem elenco formado por Marcelo Nogueira (Agnaldo Rayol), Stela Maria Rodrigues (Hebe Camargo, Angela Maria, mãe da noiva e fã), Fabrício Negri (Erasmo Carlos e Renato Corte Real) e Mona Vilardo (Wanderléa, Lana Bithencourt, noiva e fã). 

Exibindo um total de 24 canções, afora uma breve sequência de músicas da Jovem Guarda, o espetáculo propõe uma espécie de recital intimista, o que permite à plateia conhecer não apenas alguns dos momentos mais marcantes da carreira do homenageado, mas também alguns de seus principais sucessos, como "Se todos fossem iguais a você", "A praia", "Fascinação", "Serenata do adeus", "Mia Gioconda" e "Estrada do sol", dentre outros.

Neste oportuno e mais do que merecido tributo, Fátima Valença reafirma seus muitos predicados como dramaturga, dentre eles a capacidade de criar uma história que informa sem apelar para desnecessário didatismo, além de conseguir uma permanente e salutar alternância de climas emocionais.

Com relação ao espetáculo, Roberto Bomtempo impõe à cena uma dinâmica em total sintonia com o material dramatúrgico, sendo o seu principal mérito o de conseguir envolver por completo a platéia com o que ocorre no palco e fora dele - temos sempre a impressão de que não assistimos a algo, mas estamos efetivamente inseridos no charmoso e cativante evento. 

Na pele de Agnaldo Rayol, Marcelo Nogueira exibe voz maravilhosa e convence plenamente nas passagens faladas, proferindo as palavras de forma irresistivelmente charmosa e encantadora. Stela Maria Rodrigues, comediante por excelência e ótima cantora, defende todos os seus personagens com a mesma competência. Fabrício Negri também canta muito bem e tem seu melhor momento vivendo Renato Corte Real, com Mona Vilardo cantando sempre de forma esplêndida e conferindo irresistível humor à noiva.

Na equipe técnica, Flávio Graff responde por correto cenário e ótimos figurinos, sendo eficiente a iluminação de Felipe Lourenço. Glória Calvente (preparação vocal), Toni Rodrigues (direção de movimento) e Beto Caramanhos (visagismo) contribuem de forma decisiva para o êxito do presente espetáculo.

Finalmente, um destaque todo especial para a direção musical de Marcelo Alonso Neves. Afora serem lindíssimos e originais os arranjos que assina, executados com maestria por Cristina Bhering (piano e regência), Affonso Neto (bateria) e Thaís Ferreira (violoncelo), cumpre ressaltar que, ao contrário do que acontece em muitos musicais cariocas, aqui o som dos instrumentos não abafa as vozes dos intérpretes, mas com elas dialoga permanentemente.

AGNALDO RAYOL - A ALMA DO BRASIL - Texto de Fátima Valença. Direção de Roberto Bomtempo. Com Marcelo Nogueira, Stela Maria Rodrigues, Fabrício Negri e Mona Vilardo. Centro Cultural Correios. Quinta a domingo, 19h.






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