quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A casa da infância

ENTREVISTA com Cacá Mourthé


Até onde sua memória alcança, Cacá Mourthé vive no Tablado. A escola criada pela tia, Maria Clara Machado, sempre foi uma extensão da sua casa. Após estudar com sua mãe, Aracy Mourthé, Maria Clara, Louise Cardoso e Damião, Cacá começou a trabalhar como atriz, logo assumindo as funções de diretora e professora, mantendo ambas até hoje. Com a morte de Maria Clara, há cinco anos, Cacá assumiu a direção artística do Tablado. Aos 47 anos e caminhando para o terceiro casamento, ela acompanha o desenvolvimento profissional do filho, Pedro Kosovski, e não mede esforços para manter sempre abertas as portas Tablado.

* * *
Cadernos de Teatro – Como nasceu o Tablado?

Cacá Mourthé – O Tablado nasceu a partir da vontade da Clara de fundar um grupo quando chegou de Paris, muito entusiasmada. Ela se reuniu com amigos e fundaram o Tablado, em 1951, na casa do meu avô, em Ipanema.

CT – Você lembra quando esteve pela primeira vez no Tablado?

CM – Não, porque venho aqui desde muito pequenininha. É como a nossa casa, a casa da infância. É muito difícil registrar a primeira lembrança. E no Tablado funciona também o Patronato da Gávea, e, até hoje, uma escola de artes plásticas. Então, eu vinha para a escola com quatro, cinco anos. E também para assistir a missa na Igreja do Patronato, com a Clara.

CT – Como se deu a sua primeira relação com o Tablado como aluna?

CM – Eu tive aula com a minha mãe, Aracy, durante muitos anos, e depois passei para a Clara.

CT – De uma mãe para a outra...

CM – É.

CT – Você teve outro professor no Tablado?

CM – Também fui aluna da Louise Cardoso e do Carlos Wilson (Damião).

CT – Você lembra quando nasceu o desejo de ser atriz? Foi logo que você entrou? Você falou: é isso que eu quero para a minha vida?

CM – Eu adorava teatro quando era pequena, queria ser atriz. E eu tinha uma adoração enorme pela Clara, que morava conosco em Ipanema, na mesma casa. Então, eu era muito pequenininha, devia ter uns três ou quatro anos, e lembro que a Clara chegou para mim e perguntou: “Cacá, o que você vai querer ser quando crescer?” Sabe essas perguntas que a gente faz para as criancinhas? E eu olhei para ela e pensei: queria ser que nem ela. Mas como eu idolatrava a Clara, não tive coragem de dizer que também queria fazer teatro. Então, disse: “Quero ser madame”. Aí ela morreu de rir: “Você quer ser madame? Quer andar com cachorrinho na rua?” Eu disse que sim. Mas falei escondido, porque a minha vontade oculta era fazer teatro. Só que, na minha cabeça, eu não podia fazer teatro, já que ela, tão importante para mim, fazia.

CT – Em algum momento você teve inclinação por outra profissão?

CM – Fui vender seguros numa empresa que ficava no Centro da Cidade.

CT – Seguro de quê?

CM – De vida. Aí entrei lá naqueles prédios enormes, para aprender a vender seguros e não deu certo. Não deu certo mesmo...(risos)

CT – Desde o início, a Maria Clara se identificou com a escrita para criança?

CM – Sim, porque as primeiras peças foram escritas para os “netos”. Ela escreveu O Boi e o Burro no caminho de Belém, O rapto das cebolinhas e A bruxinha que era boa. Só textos infantis. Mais tarde, acho que na década de 70, ela começou a fazer peças para adultos. Aí escreveu As Interferências, Os embrulhos e mais algumas peças. Não lembro. Mas editadas acho que só foram estas duas.

CT – E ela trabalhou como atriz?

CM – Fora do Tablado ela atuou em Ensina-me a viver, no papel de Maude, numa dobradinha com a Madame Morineau.

CT – E aqui no Tablado?

CM – No Tablado ela fez muita coisa. Sobretudo no início, na década de 50. Porque o Tablado era uma escola de vanguarda, ao contrário do que muita gente pensa. Aqui se fazia teatro para adulto e com o maior sucesso. Por exemplo: Nossa cidade, de Thorton Wilder, nunca havia sido montada no Brasil. Ninguém conhecia aquele texto tão moderno. E a resposta do público foi maravilhosa, assim como da crítica.

CT – A Maria Clara era boa atriz?

CM – Não, eu não achava ela boa atriz. Quando ela foi fazer Ensina-me a viver eu quase morri de nervoso. Ela foi muito cara-de-pau ao aceitar o papel tendo apenas três dias para ensaiar. E aí ela não conseguia decorar nada, fez todo mundo ficar em pânico aqui no Tablado.

CT – Nathalia Timberg fazia a mãe e Diogo Vilela, o menino. E Maria Clara se revezava com Morineau...

CM – Isso. Elas se revezavam porque a Morineau ficou doente e não pode mais fazer todas as sessões. E a Clara, tadinha, esquecia demais o texto. Acho que foram os maiores brancos que já vi na vida. Eu suava, ela não conseguia falar e a platéia toda parada, o teatro parado. Nessas horas, o ator pára de respirar, acho que o oxigênio resseca, fica tudo duro, tenso. É horrível. Acho que a Clara era péssima atriz. Mas era o máximo quando subia no palco, naqueles repentes que tinha, para ensinar o ator como devia representar seu papel.

CT – Por quê?

CC – Porque conhecia o texto e o ator profundamente. Acho que o grande lance da Clara era a amizade que ela fazia com todo mundo. Era uma pessoa super agregadora.

CT – Qual foi a primeira peça que você fez no Tablado? E o que você achou do seu desempenho?

CM – Péssimo. Eu fiz Pluft, o fantasminha, que o Tablado sempre monta quando o dinheiro aperta. Então, num determinado momento, o Tablado estava sem grana e a Clara disse: “Vamos montar ‘Pluft’ em 15 dias”. Formou o elenco e me incluiu. Nunca tinha feito papéis grandes, só algumas pontinhas. Imagine, então, protagonizar. Ensaiei em 15 dias, naqueles esquemas rápidos da Clara. Foi uma catástrofe. Estreei péssima (consegui decorar, diferente dela), mas foi muito ruim. Lembro até que o meu terapeuta chegou a me perguntar porque não conseguia falar o texto mais naturalmente...

CT – Em quantos espetáculos você atuou no Tablado?

CM – Uns vinte.

CT – Depois você começou a atuar como assistente de direção da Clara. Por quanto tempo exerceu esta função? Destacaria alguma montagem?

CM – Fui assistente dela durante muito tempo. Acho que comecei em O Gato de Botas.

CT – Em algum momento a Clara te nomeou como sucessora dela? Houve esse papo entre vocês ou estava implícito?

CM – Quando eu era muito pequena, nem fazia teatro ainda, a Clara me chamou e disse: “Você é minha herdeira”. Eu nem sabia o que era isso. “Você vai ter os direitos autorais de todas as minhas obras, porque botei em testamento”.

CT – Mas à medida que você foi trabalhando como assistente de direção e ela ficou doente, deve ter chegado um momento em que ficou mais do que claro que ela iria partir um dia e que alguém teria que assumir a direção artística do Tablado...

CM – Acho que ficou óbvio para ela, para muita gente aqui no Tablado, mas a Clara não oficializava nada.

CT – Qual foi a primeira peça que você dirigiu e como você analisa o resultado?

CM – Foi O despertar da primavera, com um grupo de alunos. O resultado foi excelente, era um grupo ótimo, muito talentoso e eu tive uma sorte danada. Desse grupo faziam parte, entre outros, a Cláudia Abreu, o Michel Bercovitch, o Marcelo Olinto. Foi um sucesso retumbante, a ponto de adolescentes que não conseguiam entrar pularem o muro para assistir. Era para ficarmos dois dias em cartaz, mas a Clara gostou tanto que ganhamos uma temporada de três meses. Um sucesso parecido com o das montagens do Damião, como O Ateneu.

CT – Isso já nos anos 80...

CM – Exato.

CT – Aos poucos, você passou a atuar menos, ficando mais voltada para as aulas e a direção das montagens. Mas a atriz continua existindo e você tem feito alguns trabalhos. Você destacaria algum? Qual a sua opinião sobre a Cacá atriz?

CM – Eu não gosto de mim como atriz, mas gosto de fazer cinema. Eu adorei a experiência que tive com Domingos de Oliveira em Carreiras, um filme de baixo orçamento que fizemos em uma semana. Ele é um super diretor. Então, como atriz prefiro fazer cinema a teatro. Não me agrada repetir vinte vezes a mesma peça. Gosto de ensaiar, de estrear e fazer um mês de temporada.

CT – Você prefere ensinar ou dirigir?

CM – Adoro as duas coisas. Eu amo ensinar. Gosto de dar aula para adolescentes, de pegá-los livres, abertos para tudo. Só não gosto muito de dar aula para adulto, embora faça isso de vez em quando. E também adoro dirigir. Se você me der um palco, um ator que acredite em mim e um texto, vou me divertir. Adoraria ter um diretor igual a mim. Acho que não gosto de ser atriz porque aprecio o diretor que fica em cima. Como diretora, dou segurança ao ator, pelo menos perto da estréia. Antes eu destruo...(risos)

CT – Em que aspectos a Clara te marcou mais profundamente, tanto em termos pessoais como artísticos?

CM – Em primeiro lugar, ela me marcou pela pessoa amorosa que era. Uma grande pessoa, que aceitava todo mundo. Acho que isso vem do meu avô, que recebia em sua casa, em Ipanema, tanto intelectuais como o bêbado da esquina. E uma pessoa com a capacidade de amar da Clara tinha que ter uma capacidade criativa muito grande. Ou seja: me parece que amor e criação andam juntos. Sem paixão não se faz nada.

CT – E quais os defeitos que a Clara tinha?

CM – Ela era uma tirana! Uma tirana muito cheia de disciplina. Mas são bons defeitos...(risos). Eu, por exemplo, até hoje sou maluca com horário, fico louca correndo atrás do tempo. Acho que ela me deixou assim. “Não pode chegar atrasada nem cinco minutos. Precisa chegar cinco minutos ANTES de começar o ensaio. Tudo é muito sério”.

CT – O Tablado passou por várias fases, tanto no que diz respeito às direções artísticas como aos anseios das pessoas que vinham estudar aqui. Você podia falar um pouquinho dessas fases, da relação do Tablado com a TV Globo...

CM – Nos anos 70, a escola tinha muito status. Estavam o Hamilton Vaz Pereira, o João Carlos Mota, eles criavam muito, faziam laboratórios. Na década de 80, talvez porque a Clara já estivesse cansada, o Tablado começou a ser uma escola em que só o tempo de aula importava. Era uma loucura. Não que não tenha hoje, mas melhorou muito porque o Tablado cresceu. E quando comecei a dirigir senti necessidade de ter um elenco, porque todas as pessoas já tinham crescido e saído daqui. Então, o Tablado estava sem elenco. Fiz, então, um grande teste, peguei alunos de todas as turmas e escolhi vinte pessoas. Muitas já fizeram várias peças e espero que continuem fazendo.

CT – Como ficou o Tablado após a morte da Clara? Continuou o mesmo? O que mudou? Como foi a transição da gestão da Clara para a sua?

CM – Como eu já disse, a Clara não oficializava nada, mas na prática mostrava o desejo dela. E o desejo dela era que eu desse continuidade à filosofia que ela havia implantado no Tablado. Mas é óbvio que este “inventário”, que durou uns dois anos, foi muito difícil. Afinal, perder uma pessoa como a Clara é terrível.

CT – No dia do enterro dela, o caixão não entrava. E você teria dito: “A Clara não quer ir”. Isso é verdade?

CM – É. Foi incrível: o caixão não entrava, tiveram que quebrar o lugar onde ele ficaria. Eu nunca consegui esquecer esta cena. Foi realmente muito forte.

CT – Bem, vamos agora falar de vida. Como o Tablado se sustenta?

CM – O Tablado não se sustenta há 55 anos. Cheguei a essa conclusão no ano passado. A economia do Tablado é doméstica, acho que sempre foi. A Clara sempre botou dinheiro dela nas suas produções, na época não existia patrocínio. Por outro lado, era mais fácil. Você juntava três amigos, pedia para a mãe de um deles costurar, pedia para uma amiga desenhar os figurinos. Ou seja: os técnicos de teatro eram amadores. Mas, de uns tempos para cá, os técnicos foram se profissionalizando, o que não tem nada de errado, mas ao mesmo tempo foram ficando cada vez mais caros. Os cenógrafos e os figurinistas vivem disso. Antes, a Ana Letícia tinha os estágios dela, dava aula em Niterói, mas fazia os cenários para a Clara sem cobrar nada. Mas a profissionalização dos técnicos fez com que o Tablado necessitasse mais de dinheiro.

CT – Desde o início, a proposta do Tablado sempre foi a de dar aulas de improvisação. Como surgiu essa idéia?

CM – A Clara institui a improvisação depois de voltar da França. Ela estudou improvisação lá e ficou encantada. Era uma novidade. Por isso, quando ela voltou quis fazer o seu grupo de teatro. Mas só depois criou a escola.

CT – O Tablado se sustenta com as aulas e com os espetáculos. Agora, você lembra por que a Clara começou a dividir o ensino com outros professores? Porque durante muito tempo só ela dava aula e só havia duas turmas: a adiantada e a atrasada.

CM – Acho que foi uma forma de manter as pessoas aqui. Ao mesmo tempo em que os pupilos começaram a dar aula – Louise Cardoso, Sura Berditchevski, Lionel Fischer, Bernardo Jablonski, Damião, entre outros – também começaram a ganhar seu sustento. E a escola começou a crescer.

CT – O Tablado conta atualmente com 20 professores. Eles têm que seguir algum método específico ou têm liberdade para construir suas aulas? E todos são ex-alunos?

CM – Todos. E todos estudaram com a Clara. Mas cada um tem sua trajetória e total liberdade para optar por uma maneira própria de conduzir a aula. E isso é ótimo: conviver com diferenças. E afora estes vinte professores, o Tablado também conta atualmente com uma professora de voz, a Sônia Dumont, e uma professora de corpo, Ana Soares.

CT – Fora o curso de improvisação e as práticas de montagem no final do ano, que os professores fazem com seus alunos, que outras atividades o Tablado oferece ao público e/ou aos seus alunos?

CM – Além das aulas, dos espetáculos de final de ano e das montagens oficiais do Tablado, promovemos leituras, palestras e o Festival de Esquetes, de responsabilidade do Lincoln Vargas – que estudou muito tempo aqui – e que já está no décimo ano.

CT – O que é o Festival de Outono, que existe de uns dois anos para cá?

CM – São as melhores peças do final de ano mostradas no outono do ano seguinte numa pequena temporada.

CT – Qual o próximo espetáculo do Tablado?

CM – Vamos voltar com O rapto das cebolinhas na festa da reforma de 55 anos do Tablado.

CT – Como foi esta reforma?

CM – O Tablado estava muito velho e comecei a lutar pela reforma. Como não consegui patrocínio de ninguém, tive a idéia de vender as cadeiras para os amigos do Tablado. Deu super certo. Acho que se tivesse um milhão de cadeiras teríamos vendido todas. A gente sempre tem medo de pedir, mas quando comecei a campanha faltaram cadeiras. E, no início, eu pensava: “Como vou conseguir vender 150 cadeiras?”

CT – Ao preço de R$1.000,00, não?

CM – Sim.

CT – E essas pessoas têm seus nomes nas cadeiras? Como é o esquema?

CM – As pessoas que compraram ficam com as cadeiras cativas por 10 anos.

CT – E convite para vir às estréias?

CM – Todos vão ganhar convites para as estréias, e mais três durante a temporada.

CT – Você lembra por que a Clara resolveu criar os Cadernos de Teatro? É talvez a revista mais antiga de teatro no Brasil...

CM – Eu acho que ela queria ensinar teatro para todo mundo, para o Brasil inteiro, aos pequenos grupos amadores das cidadezinhas que tem aí pelo país.

CT – Como vai ser a festa dos 55 anos?

CM – Vai ser a festa de 55 anos do Tablado, mais a reforma das cadeiras bancada pelos amigos, os 50 anos da revista, a primeira parte do acervo da Clara, que vai ser entregue à Casa de Rui Barbosa. Mas não sei se vai ser tudo junto. Estou esperando para ver qual o melhor modelo.

CT – Você foi casada durante muitos anos com o Ricardo Kosovski, pai do Pedro, que já fez muitas coisas no Tablado como ator e agora está começando a atuar como assistente do Leonardo Brício. Fala um pouco do Pedrinho. Quantos anos ele tem?

CM – Tem 23. Acho que o Pedro é um talento. Ele está se descobrindo, porque como a gente é família de circo, nasce no teatro e tem que jogar em todas, dirigindo, escrevendo, atuando, dando aula.

CT – Agora vamos falar um pouco de você, das suas qualidades e dos seus defeitos, profissionais e pessoais. Qual a sua opinião a seu respeito?

CM – Acho que sou excessiva e agressiva. Esses são os defeitos. Mas sou muito generosa.

CT – Como você acha que as pessoas te vêem?

CM – Eu não, sei porque as pessoas têm um certo medo de mim.

CT – Como tinham um pouco da Clara?

CM – É.

CT – O Bernardo Jablonski nos disse que tinha pavor da Clara. Mas ele a adorava e vice-versa.

CM – É verdade. Quanto a mim, as pessoas fizeram uma comunidade chamada “Cacá te fez chorar?” Eu achei horrível...

CT – E você faz os alunos chorarem?

CM - Não, meus alunos não, mas às vezes, quando eu estou dirigindo, rola um chororô qualquer. É normal.

CT – Ainda existem aquelas famosas filas em que as pessoas passavam a noite para conseguirem se inscrever aqui no Tablado?

CM – Não. A Clara ainda estava viva e eu pedi para ela acabar com essas filas. Porque era desumano. Imagina, deixar as pessoas dormindo na rua por três noites. E o nível do Tablado baixou muito com o crescimento desta fila. Os alunos queriam vir para cá pensando que o Tablado era um trampolim para a TV Globo.

CT – Existe um processo de seleção ou os alunos são aceitos por ordem de inscrução?

CM – Agora fazemos um processo de seleção de alunos.

CT – Como é esse processo?

CM – Os alunos novos respondem a um questionário, que passa pela diretoria e pelos professores. A partir daí, escolhemos. É um questionário muito simples, com perguntas do tipo: “Você gosta de teatro? Qual peça já assistiu? etc. Mas a prioridade é para os alunos que já estão dentro do Tablado.

CT – E como é um curso de improvisação? O aluno fica no Tablado quanto tempo quiser?

CM – É livre. E ele fica o tempo que quiser.

CT – E aí vai permanecendo na mesma turma ou trocando de professor?

CM – Vai trocando. Os meninos de Zé - Zenas emprovisadas foram nossos alunos no Tablado e até hoje fazem aula.

CT – E não há o sistema tradicional de aprovação e reprovação?

CM - Não. Já quiseram fazer esse sistema dentro do Tablado, mas a Clara não quis. Argumentou que o Tablado ia perder a cara. Ela sustentava que o Tablado é bom por ser livre. A proposta não é ficar ensinando teoria. Nós temos um palco e a possibilidade de experimentar tudo que a gente quer, de buscas linguagens, de testar nossa capacidade. A prática é fundamental.

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Esta entrevista, publicada nos Cadernos de Teatro nº 175, foi concedida a Lionel Fischer e Daniel Schenker, cabendo a este último a redação final.

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