quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Felicidade"

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Humor e poesia na Gávea


Lionel Fischer


"A peça propõe uma reflexão sobre a Felicidade. A morte decide dar uma segunda chance a quatro pessoas que deveriam morrer em situações diferentes, mas num mesmo instante, desde que elas descubram em 24 horas a felicidade. Na trama, um cantor de churrascaria, uma pequena órfã, uma dona de casa e um oportunista terão que sair de suas zonas de conforto, enfrentar medos, trocar o certo pelo duvidoso e encontrar o que realmente os torna felizes".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza a trama de "Felicidade", em cartaz no Sesc Casa da Gávea. Cristina Fagundes assina texto e direção, estando o elenco formado por Ana Paula Novelino (Lia, criança órfã), Bruno Bacelar (D. Berenice), Jorge Neves (Billy dos Teclados) e José Auro Travassos (Bruno, na realidade Ribamar). Cabe ressaltar que, ao longo do espetáculo, os atores também fazem outros personagens, mas estes são os principais.

Como se sabe, nem sempre uma boa idéia garante um produto final de qualidade. No presente caso, a autora Cristina Fagundes não apenas imaginou uma peça a partir de uma premissa interessante, mas a ela conferiu uma estrutura narrativa plena de originalidade, humor, poesia e humanidade. Os quatro personagens centrais são  muito bem construídos, e seus diversificados anseios possibilitam à platéia usufruir plenamente os muitos e diversificados climas emocionais em jogo.

D. Berenice vai em busca do grande amor de sua vida. A criança Lia tenta se comunicar com a mãe falecidade, de quem não conseguiu se despedir como gostaria. Billy dos Teclados, que toca numa churrascaria furreca, persegue o sonho de ter suas composições lançadas por uma grande gravadora. E Bruno, casado com a filha de um poderoso executivo e por ela maltratado, assim como pelo sogro, percebe que só poderá ser feliz se voltar a ser o Ribamar do subúrbio, que adorava soltar pipas.

Partindo de um material dramatúrgico de excelente qualidade, Cristina Fagundes impôs à cena uma dinâmica irrepreensível, precisa no tocante ao rítmo e plena de criatividade, cabendo ressaltar a originalidade das marcações e a agilidade da encenação no tocante às mudanças de ambiente. Afora isto, a encenadora conseguiu extrair ótimas atuações do elenco.

Ana Paula Novelino, Bruno Bacelar, Jorge Neves e José Auro Travassos valorizam de forma sensível e convincente todos os personagens que interpretam, deles extraindo seu máximo potencial. Assim, a todos parabenizo com igual entusiasmo e desejo que continuem em cartaz por um tempo muito superior ao acordado com o Sesc Casa da Gávea - como soube que "Felicidade" só tem acertadas pouquíssimas exibições no referido espaço, aproveito para fazer um apelo aos responsáveis por esta casa de espetáculo no sentido de que seja tentada uma prorrogação da temporada. O público carioca certamente ficará grato.

Na equipe técnica, são irretocáveis as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta oportuna empreitada teatral - Duda Maia (direção de movimento), Paulo Denizot (iluminação), Paulo Denizot e Janaína Wending (cenografia), Luana Monteiro (figurino) e Flávia Belchior e Cristina Fagundes (trilha sonora). 

FELICIDADE - Texto e direção de Cristina Fagundes. Com Ana Paula Novelino, Bruno Bacelar, Jorge Neves e José Auro Travassos. Sesc Casa da Gávea. Sábado, 21h. Domingo, 20h.   















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