domingo, 22 de janeiro de 2012

Teatro/CRÍTICA

"Salve, Jorge"

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Inesquecível encontro


Lionel Fischer


"A peça conta a história de um menino do subúrbio que, acreditando em seus sonhos e apoiado pela família, se transformou em um consagrado artista. Jorge Fernando faz um apanhado de relatos de sua vida pessoal e profissional, com humor e ficção. Histórias do mundo teatral, televisivo e cinematográfico recontadas com emoção e alegria."

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza o enredo do espetáculo solo escrito e dirigido por Jorge Fernando, que acaba de entrar em cartaz no Teatro dos Quatro. E que ali deverá permanecer por muito tempo e provavelmente cumprir outras temporadas em vários espaços, por razões que detalho em seguida - só não sei se a presente montagem ficará tanto tempo em cartaz quanto a anterior de Jorge Fernando, "BOOM!": mais de 10 anos!!!

Contando com a colaboração de Denise Portes no tocante à concepção do espetáculo, "Salve, Jorge" nos mostra a trajetória pessoal e profissional do ator, diretor (de teatro e TV) e autor, que ao longo do tempo converteu-se em unanimidade. De fato, não conheço ninguém imune aos encantos de Jorge Fernando, seja como profissional ou pessoa. 


Como profissional, vem colecionando sucessivos êxitos tanto na TV como no teatro, aqui incluindo-se uma vasta quantidade de shows com várias estrelas da MPB - Ney Natogrosso, Simone etc. E como pessoa, Jorge exerce particular fascínio não apenas por seu carisma, inteligência, humor e sensibilidade, mas sobretudo por ser alguém que parece ter vindo ao mundo com a expressa missão de gerar felicidade. Além disso, é totalmente despido de qualquer arrogância, fato não muito comum naqueles que alcançam grande sucesso em suas profissões.

No presente espetáculo, como já foi dito, Jorge Fernando apresenta  um amplo painel de sua trajetória humana e profissional. E a forma como o materializa em cena é absolutamente fascinante, tanto nas passagens (a maioria) em que dialoga com a platéia como naquelas em que efetivamente representa um personagem. Tal fascínio advém de alguns fatores: sua notável capacidade de improvisar, sua enorme competência como intérprete e a divertidíssima sinceridade que evidencia ao abordar passagens hilárias ou outras mais tocantes.

Sob todos os aspectos, "Salve, Jorge" é um presente para o público, que assiste ao espetáculo com a certeza de estar vivendo um momento único, ou seja, o privilégio de travar contato com alguém que se entrega sem reservas ao que faz, que ama profundamente sua profissão e, fundamentalmente, que encara o outro como um irmão - e esta última qualidade é fundamental nos tempos que correm, onde o individualismo impera e a ânsia de se dar bem  acaba se sobrepondo a todos os valores morais e éticos.

Assim, só me resta implorar aos sempre caprichosos deuses do teatro que continuem abençoando este profissional exemplar e que permitam que "Salve, Jorge" fique muito tempo em cartaz, já que o espetáculo só faz confirmar as palavras do maior encenador vivo, o inglês Peter Brook: "O teatro é a arte do encontro". E este, certamente, ninguém jamais esquecerá.

Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as colaborações de todos os profissionais envolvidos nesta oportuníssima empreitada teatral - José Claudio (cenografia), Ellen Milet (figurinos), Juarez Farinon (iluminação), Caio Nunes (coreografias) e Mú Carvalho (direção musical, trilha sonora e arranjos). Cumpre também destacar a breve e divertida participação dos bailarinos Joane Motta, Mariana Gomes, Lucas Nunes, Luan Batista e Thiago Marcelino, assim como as participações em vídeo de Maria Carol e Marcelo Barros.

SALVE, JORGE - Concepção, direção e atuação de Jorge Fernando. Colaboração de Denise Portes. Teatro dos Quatro. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h.

 

Um comentário:

  1. Meu Nome é célia Coleta Assisti em Niterói e me senti leve ao sair de lá, é uma comédia mas emociona também...Em alguns momentos me deu vontade de dar um abraço nele... mas o teatro tava cheio de mais , no final do espetáculo ele convidou 8 pessoas da platéia eu fui a nona a chegar no palco , ele me descartou com classe... perdi o abraço e quase caí do palco de vergonha( coisa que nao tenho) ele foi maravilhoso... só porque a história dele é maravilhosa...uma lição...Ponto alto foi a resposta ao cara que falou.. Ele é artista mas ta acabado...vá e descubra a resposta de Jorge KKK.

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