quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Teatro/CRÍTICA

"Não Nem Nada"

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Velocidade extrema minimiza conteúdos



Lionel Fischer



"O elenco interpreta vários personagens durante um frenético jogo dramatúrgico encenado em plano sequência - cenas ininterruptas e interligadas. Em um texto acelerado e provocativo, o autor costura temas como o universo do telemarketing, as campanhas publicitárias das grandes corporações financeiras, o mundo das celebridades, as redes sociais, a rapidez das relações amorosas, entre outros assuntos do cotidiano".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima sintetiza a proposta de "Não Nem Nada", de autoria de Vinicius Calderoni, que também assina a direção do espetáculo (codireção de Rafael Gomes). Após quase um ano em cartaz em São Paulo, a última produção da Cia. Empório de Teatro Sortido chega ao Rio de Janeiro com o mesmo elenco: Geraldo Rodrigues, Mayara Constantino, Renata Gaspar e Victor Mendes.

Como expresso no parágrafo inicial, estamos efetivamente diante de um texto acelerado e provocativo, que costura um grande número de temas. Quanto ao aspecto provocativo, nenhuma ressalva. A questão fica por conta do ritmo da escrita, por vezes muito rápido, que dificulta a plena apreensão dos conteúdos propostos. E há que também mencionar a multiplicidade dos temas, pois quase todos, dada a sua importância, mereceriam um tratamento mais aprofundado - da forma como estão expostos, tudo praticamente se resume a um breve comentário, ainda que pertinente.

Com relação à montagem, Vinicius Calderoni impõe à cena uma dinâmica quase sempre vertiginosa, com os atores sugerindo (como bem indica o texto do release) serem jogadores disputando uma gincana cênica. Essa proposta, ainda que em sintonia com o material dramatúrgico e muitas vezes evidenciando soluções imprevistas e criativas, em meu entendimento compromete um mergulho mais aprofundado nas questões propostas, pois aos atores (por sinal, excelentes) praticamente só resta exibir suas grandes habilidades vocais e corporais na composição de uma infinidade de tipos.    

Na equipe técnica, Valentina Soares e Wagner Antônio assinam uma cenografia funcional e muito criativa, sendo corretos os figurinos de Valentina Soares e muito expressiva a iluminação de Wagner Antônio e Robson Lima. A destacar também a ótima preparação corporal feita por Fabrício Licursi.

NÃO NEM NADA - Texto e direção de Vinicius Calderoni. Com Geraldo Rodrigues, Mayara Constantino, Renata Gaspar e Victor Mendes. Teatro Poeirinha. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 19h.









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