quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ensaio
de Lionel Fischer
Personagens
Climéria - vinte e poucos anos
Fasano - cinquenta e poucos anos
Cenário
Apenas uma cadeira
(Climéria está ofegante, como se tivesse acabado de dizer um texto enorme. Sentado, Fasano a olha com ar ameaçador. Depois de um tempo...)
Fasano - Mas afinal, Climéria: o que é que está pegando?
Climéria - Eu acho que tô respirando errado.
Fasano - Então respira certo. Eu já te ensinei.
Climéria - Só pelo nariz ou também posso usar a boca?
Fasano - Usa os dois. É claro que um de cada vez.
Climéria - Eu tô comendo os finais de frase, meio que engulindo...
Fasano - Deve ser força do hábito.
Climéria - Como assim?
Fasano - Você tem cara de quem adora comer...engulir...
Climéria - Não atinei, mestre. Não tô atinando mesmo.
Fasano - Mas vai atinar. O que está pegando nesse seu monólogo não tem nada a ver com o ar que entra ou deixa de entrar pela tua boca ou pelo teu nariz.
Climéria - Não?
Fasano - Não! Tem a ver com essa paixão desvairada que você nutre por mim e que te impede de se concentrar no que você tem que fazer.
Climéria - Mestre!?
Fasano - E o pior é que eu também não consigo prestar a menor atenção no teu desempenho. E por razões análogas...
Climéria - Anáguas?
Fasano - Razões parecidas, foi o que eu quis dizer.
Climéria - Quer dizer então que...
Fasano - Sim! Por mais que eu tente priorizar meus objetivos pedagógicos, quando eu te ensaio o que vem à tona são...impulsos inconfessáveis!
Climéria - Que o senhor agora está confessando!
Fasano - Com o coração dilacerado, ninfa diabólica!
Climéria - Mas eu sinto o mesmo pelo senhor, coroa tesudo!
Fasano - O que?
Climéria - É por isso que eu mal consigo respirar na tua presença. Fico toda latejando e o ar me falta!?
Fasano - Mas isso é um absurdo! Eu tenho idade para ser teu pai!
Climéria - Biologicamente, quase meu avô...
Fasano - Mais uma razão para você dirigir seu afeto a um coleguinha da tua idade.
Climéria - E por que você não faz o mesmo e "dirige seu afeto" para uma cinquentona carente e disponível?
Fasano - Porque...como os mísseis americanos na recente catástrofe afegã, meus dardos afetivos jamais atingem alvos politicamente corretos. Algo de misterioso desvia seu curso e...
Climéria - Mestre apetitoso!
Fasano - Que é isso, menina? Que inimidade é essa?
Climéria - Esquece só um instantinho essas tuas frases que ninguém entende e...
Fasano - Como assim, frases que ninguém entende?
Climéria - Olha pra mim. Só isso...
Fasano - Estou olhando...e daí?
Climéria - Escuta: "E quando estiveres perto, eu arrancarei meus olhos e os colocarei no lugar dos teus. E tu arrancarás teus olhos e os colocará no lugar dos meus. Então eu te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus".
Fasano - Escuta, pirralha. Lindo esse poeminha. Mas é melhor a gente parar por aqui. A estréia está chegando, você tem esse monólogo para apresentar e...
Climéria - Eu tô cagando pra esse monólogo...(Fecha uma porta imaginária)
Fasano - O que é que você está fazendo?
Climéria - Eu tô me lixando pra essa estréia...
Fasano - Abre essa porta, Climéria!
Climéria - Tudo que eu quero, ao menos nesse momento é...
Fasano - E se chega alguém?
Climéria - Não tem ninguém pra chegar.
Fasano - Se alguém aqui nos pega fazendo...
Climéria - Fazendo...o que?
Fasano - Eu posso ser despedido por justa causa!?
Climéria - Justíssima...nisso você tem razão...
Fasano - Escuta...tudo bem, eu também quero. Mas não aqui!?
Climéria - Então vamos pra outro lugar.
Fasano - Agora?
Climéria - Nesse segundo.
Fasano - E o teu monólogo?
Climéria - A gente ensaia lá.
Fasano - Meu Deus, que loucura...
Climéria - Loucura você vai ver lá.
Fasano - E se eu...brochar?
Climéria - A gente assiste a Hebe...(E saem)
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Família
de Lionel Fischer
Personagens
Pai
Mãe
Filho
Cenário
Um lugar abstrato
(Pai e Mãe contemplam fixamente o Filho, como se dele aguardassem uma resposta inadiável. Depois de um tempo...)
Mãe - Foi você?
Pai - Você ouviu o que sua mãe disse?
Mãe - Você escutou seu pai? Ele lhe perguntou se você ouviu o que sua mãe disse.
Filho - Não.
Mãe - Então você não escutou seu pai.
Pai - Nem ouviu o que sua mãe disse.
Filho - Não fui eu?
Mãe - Não foi você o que?
Filho - A senhora não me perguntou se tinha sido eu?
Pai - Sua mãe lhe perguntou isso? Quando?
Mãe - Eu não me recordo, em absoluto, de ter lhe feito essa pergunta.
Pai - Você se dá conta da gravidade da acusação que acaba de lançar contra sua mãe?
Mãe - Meu filho: sua mãe e eu somos uma única pessoa. E, no entanto, você parece não se dar conta da gravidade da acusação que acaba de lançar contra nós.
Pai - Elas não merecem isso, meu filho.
Mãe - Olhe bem para mim: eu quero os teus olhos dentro dos meus. Eu já estou farta desse teu olhar enviezado, sinuoso, que faz com que eu me sinta sempre como se tivesse cometido, ou estivesse prestes a cometer, alguma enorme injustiça.
Pai - Um crime.
Mãe - Além do que ele me dá vertigens. Eu me vejo numa traineira, em alto mar, circundada por vagas e vômitos.
Pai - Sua mãe vai vomitar, meu filho.
Mãe - Você não vê que eu sofro?
Pai - Sua mãe sofre e vai vomitar.
Mãe - Você não vê que cada gracejo seu é como um espinho que me tivessem enfiado?
Pai - Não espinhe sua mãe, meu filho.
Mãe - Você quer que eu vire um porco-espinho?
Pai - Responda, meu filho: valeria a pena sua mãe se transformar num porco-espinho?
Mãe - Não me olhe dessa forma. Não seja irônico comigo.
Pai - Mas o que foi que aconteceu com você? Qualquer que tenha sido a desgraça, sua mãe e eu estamos aqui para encontrar a solução. Não se desespere desse jeito.
Mãe - Meu filho: você perdeu a razão? Você enlouqueceu de repente sem que eu e seu pai tivéssemos notado? Foi isso que aconteceu? Se foi...não tem importância. Nós, seu pai e eu, saberemos encontrar uma solução. O que importa é que você continue a se sentir bem aqui em casa, integrado à família.
Pai - Mas como? Nosso único filho? Teria ele realmente perdido a razão? Ele, que sempre foi capaz de manter o juízo e o sangue frio, quando à sua volta só reinava o desvario e sobre ele recaía o labéu da loucura? Mas que tempo é esse em que um filho único enlouquece de repente sem prevenir seus pais?
Mãe - Rejeita a loucura, meu filho. Seu pai e eu não merecemos isso. Aos inimigos teus, quando odiado te sentias, não tratavas de igual modo.
Pai - Tua loucura é voluntária ou involuntária? Dessa resposta depende o nosso destino.
Mãe - O destino da família.
Pai - Atingimos a encruzilhada de nossas vidas. Só nos resta enveredar por um dos caminhos. Não há outra opção.
Mãe - É essa a natureza das encruzilhadas: fornecer apenas duas perspectivas.
Pai - Por aqui é a segurança, a tranquilidade familiar, o nosso sólido universo construído paulatinamente, dia após dia.
Mãe - Por ale é o desconhecido.
Pai - Meu filho: por qual das vias você conduzirá nosso destino?
Mãe - Por aqui ou por ali?
Pai - Te seguirei como a um profeta, aonde quer que você vá.
Mãe - Nossas vidas são inseparáveis.
Pai - A decisão é sua.
Mãe - Ninguém te influenciará.
Pai - É você quem resolve se devemos seguir por aqui ou por ali.
Mãe - Embora eu, se estivesse em seu lugar, seguisse sem dúvida alguma por aqui e jamais por ali, concordo que você deva ser livre para fazer a sua opção. A nossa oção.
Pai - Eu também não hesitaria um minuto sequer.
Mãe - Você está vendo, meu filho?
Pai - Na hora das grandes decisões é que avalia o verdadeiro carácter de um homem.
Mãe - Tu és um homem, meu filho? És sim, tenho certeza.
Pai - Um segundo de indecisão e pronto: toda uma vida arruinada.
Mãe - Confia em seu pai, meu filho. Ele é um homem muito vivido. Além do que, hoje em dia as coisas acontecem muito depressa.
Pai - No meu tempo, você poderia refletir uma semana. Mas agora? Ai daquele que refletir. Perde contato com seu tempo.
Mãe - E quem perde contato com seu tempo enlouquece. Meu filho: você perdeu contato com seu tempo?
Pai - Você perdeu contato...o seu tempo está para cá e você...para lá?
Mãe - Um vai por aqui e o outro...por ali?
Pai - Tudo pode ser então...uma questão de segundos.
Mãe - Meu pequeno ser, sem tempo nem destino. Você poderia ter nos facilitado as coisas. Por que você não disse logo que tinha sido você? Talvez ainda houvesse tempo. O que lhe custaria ter respondido uma coisa tão sem importância, que sua mãe queria tanto saber...que sua mãe ainda quer saber, se você quer saber.
Pai - Não se perca já, meu filho. Não seja egoísta. Responda primeiro à sua mãe. Depois vá para onde quiser. O que sua mãe quer saber, só o que ela quer saber, é se foi ou não foi você.
Mãe - Você escutou seu pai? Então...o que sua mãe quer saber, só o que ela quer saber, é se foi você ou não.
Pai - Você ouviu oque sua mãe disse? O que ela espera, tudo que ela espera de você nesse momento, é que você responda se foi você ou não.
Mãe - O que sua mãe espera, tudo que ela espera de você nesse momento, é que você responda se foi ou não foi você.
Filho - Fui.
Mãe - Aonde é que você foi?
Pai - Quando foi isso?
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Clínica
de Lionel Fischer
Personagens
Apresentadora
Dra. Linhares
Ana Lúcia
Ana Claudia
Ana Cecília
Feliciano José
Cenário
Um pequeno sofá e uma poltrona
(As três Anas estão sentadas no sofá e Feliciano José na poltrona. Entra a Apresentadora)
Apresentadora (À platéia) - Como vocês podem notar, essas pessoas estão inquietas. Como se estivessem constrangidas. E na verdade, elas estão inquietas e constrangidas. Em primeiro lugar, porque não se conhecem. Mas sobretudo porque o fato de estarem aqui indica que admitem possuir a mesma deficiência: total incapacidade de seduzir. Nenhuma dessas pessoas sabe agir quando alguém lhes interessa. Ou ficam paralisadas ou atuam de forma desastrosa. Essas quatro pessoas têm enorme ânsia de amar, estão prontas para o amor e como já não suportam mais a própria timidez ou as gafes que cometem, vieram parar aqui: na clínica Sedução é possível, desejável, e você pode, da doutora Linhares. (Entra a dra. Linhares) Que terá agora seu primeiro contato com seus novos, ansiosos, inquietos, carentes e constrangidos pacientes.
Dra. Linhares - Boa tarde. Eu sou a Dra. Linhares. E vocês, quem são? Nome, idade, profissão e problema.
Ana Cecília - O meu nome é...
Dra. Linhares - Objetividade, por favor.
Ana Cecília - Ana Cecília, 32 anos...
Dra. Linhares - Sem mentiras, por obséquio.
Ana Cecília - Ana Cecília, 38 anos, do lar e...
Dra. Linhares - E...
Ana Cecília - De uma timidez insuportável.
Dra. Linhares - Você.
Ana Claudia - Ana Claudia, 25 anos, dentista e...
Dra. Linhares - E...
Ana Claudia - De uma timidez insuportável.
Dra. Linhares - Você.
Ana Lúcia - Ana Lúcia, 43 anos, sacoleira e...
Dra. Linhares - E...
Ana Lúcia - De uma timidez insuportável.
Dra. Linhares - Você.
Feliciano José - Feliciano José, 48 anos, afinador de pieano e...
Dra. Linhares - De uma timidez insuportável.
Feliciano José - Correto.
Dra. Linhares - Portanto, temos aqui três Anas - a do lar, a dentista e a sacoleira - que padecem de uma timidez insuportável, o mesmo ocorrendo com o nosso afinador de piano. É esse mesmo o seu nome?
Feliciano José - Sim.
Dra. Linhares - Isso é nome de viado enrustido. Nunca pensou em trocar?
Feliciano José - De sexo?
Dra. Linhares - De nome, idiota. Como é que você pretende conquistar uma mulher com esse nome de bicha aposentada?
Feliciano José - Perdão, mas eu...
Dra. Linhares - Aposto que você fica todo embaraçado na hora de se apresentar a alguém.
Feliciano José - É verdade...eu odeio o meu nome.
Dra. Linhares - Alguma de vocês daria para um cara chamado Feliciano José?
Todas - Nunca.
Dra. Linhares - Por quê?
Todas - Porque é nome de viado enrustido.
Feliciano José - Mas eu não sou viado. Muito menos enrustido.
Dra. Linhares - Fica de pé, Feliciano José. E agora caminha até o outro lado da sala. (Ele obedece) Pára. Fecha os olhos. Imagina que eu sou a mulher da sua vida. Abre os olhos e me diz isso. Só com os olhos. (Ele obedece) Feliciano José: você está com algum problema no estômago?
Feliciano José - Não.
Dra. Linhares - É míope?
Feliciano José - Não.
Dra. Linhares - Então por que esta porra de ar de sofrimento? Mulher detesta homem que sofre. Você parece um maior abandonado. Ou então alguém com azia.
Feliciano José - Doutora, eu...
Dra. Linhares - Repete o exercício. (Ele obedece) Feliciano José: sabe o que é que esse teu olhar me lembra? O de um hamster com fome.
Feliciano José - Doutora, eu...
Dra. Linhares - Senta, Feliciano José. (Ele obedece) E agora você, do lar. Faz o que ele fez e imagina que eu sou o homem da sua vida. (Ela obedece) Congela. Você, dentista. (Ela obedece)
Congela. Você, sacoleira. (Ela obedece) Congela. Vem cá, Feliciano José: olha bem para essas mulheres. Se você tivesse que se deixar seduzir, por qual delas seria?
Feliciano José - Bem, doutora, para ser inteiramente franco eu...
Dra. Linhares - Obrigado pela franqueza, Feliciano José. Todos nos seus lugares. (Todos obedecem) Má notícia: vocês são um caso perdido. Podem passar na secretaria e receber seu dinheiro de volta. (E vai saindo)
Ana Cecília - Doutora Linhares!
Ana Claudia - Não nos abandone!
Ana Lúcia - Tenha piedade de nós!
Feliciano José - Eu preciso de uma companheira! (A Doutora pára)
Dra. Linhares - Você é do PT, Feliciano José?
Feliciano José - Eu sou apolítico, mas meu coração deseja filiar-se a um outro.
Dra. Linhares - Alguma de vocês daria para um homem que lhe dissesse, ao pé do ouvido, uma cafonice dessa magnitude?
Todas - Nunca!
Dra. Linhares - Você é muito cafona, Feliciano José.
Feliciano José - Mas os cafonas também amam...
Dra. Linhares - Seu cantor preferido.
Feliciano José - Roberto Carlos.
Dra. Linhares - Não minta, Feliciano José.
Feliciano José - Tudo bem...É o Wando. (Entra um trecho de "Gostosa". Feliciano José reage com imensa satisfação. Depois de um tempo a música sai)
Dra. Linhares - Que tipo de cuecas você usa, Feliciano José?
Feliciano José - Bem folgadas.
Dra. Linhares - Por quê? Genitália avantajada?
Feliciano José - Não. É que eu acho charmoso.
Dra. Linhares - São brancas ou coloridas as suas cuecas, Feliciano José?
Feliciano José - Coloridíssimas. Algumas, inclusive, com motivos campais.
Dra. Linhares - Sacoleira: como você reagiria ao se deparar, na cama, com um homem com cuecas campais?
Ana Lúcia - Eu pensaria em tudo, menos em sexo.
Dra. Linhares - Teria vontade de rir?
Ana Lúcia - Muita.
Dra. Linhares - E acharia que ele é gay?
Ana Lúcia - No ato!
Feliciano José - Mas isso é um preconceito absurdo. A virilidade de um homem não pode ser avaliada pela estamparia das suas cuecas.
Dra. Linhares - Feliciano José: você tem ejaculação precoce?
Feliciano José - Não sei...
Dra. Linhares - Como, não sabe?
Feliciano José - É que eu...nem consigo ter ereção...
Ana Claudia - Não levanta?
Ana Cecília - Nem meia bomba?
Feliciano José - Meu pênis parece que...vive fazendo sonoterapia...
Dra. Linhares - Feliciano José: você precisa apanhar para ter prazer.
Feliciano José - O que?
Dra. Linhares - Levar uns tapas. Deita ali.
Feliciano José - Como assim?
Dra. Linhares - A sacoleira por cima. A dentista do outro lado. A do lar fica aqui. (Ela arma a cena) Agora vocês vão fingir que são garotas de programa e foram regiamente pagas por Feliciano José para lhe dar prazer.
Feliciano José - Mas doutora...
Dra. Linhares - Vamos gemer, minha gente. Eu quero muito som. E você também, Feliciano José. Finge ao menos que você gosta. Urra, homem! (Entra "Like a virgen", com Madonna. As três tentam desajeitadamente simular o que lhes foi ordenado. Num dado momento, Feliciano José consegue se desvencilhar. Sai a música)
Feliciano José - A senhora é uma louca!
Dra. Linhares - E aí...foi bom?
Feliciano José - Eu vou denunciá-la à polícia!
Dra. Linhares - É uma idéia. Mas antes posso lhe dar um conselho?
Feliciano José - O que que é?
Dra. Linhares - Aguarde alguns minutos. Sua ereção ainda é visível...
Feliciano José - Meu Deus! (Constata a ereção) Eu consegui! (Entra o "Tema da Vitória", do Ayrton Senna)
Dra. Linhares - Amanhã às quatro. Todo mundo de malha. (E sai. As mulheres se aproximam de Feliciano José)
Ana Lúcia - Feliciano José: parabéns!
Ana Claudia - Eu te bati com muita força, amor?
Ana Cecília - Fefê...você vai fazer o que, hoje à noite? (Feliciano José sorri, como um fauno)
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